quantidade máxima de vapor de água que o ar pode conter, a uma determinada temperatura
domingo, dezembro 31, 2006
Sem marcha atrás ou de como olhar o tempo de frente
porque o tempo gasto em balanços é deprimente e jocoso (no fundo só se vê e se encontra o que se quer)...
porque prefiro projectos em vez de qualquer balancete em que coloque em cheque os créditos e os débitos de um ano já moribundo (nem se pode defender das minhas acusações)...
... deixo só as palavras de uma bela canção:
O tempo que a gente perde pela vida a correr
O tempo que a gente sonha que é chegar e vencer
O tempo faz de nós um copo p’ra beber em paz
O tempo é um momento para nunca mais
O tempo mesmo agora fez a terra girar
O tempo sem demora traz as ondas do mar
O tempo que se inventa quando nunca se é capaz
O tempo é um carro novo sem a marcha-atrás
Voei p’ra te dizer
Sonhei p’ra te esquecer
Eu sei não vais parar para eu crescer
Eu sei esperei demais
Musica: Donna Maria
Letra: Miguel A. Majer
quarta-feira, dezembro 20, 2006
O Livro dos Bons Princípios (16)
Despois deste prolegómeno prospectivo, penso que se pode agora começar a história de Amandina. Nascida e sempre vivida em Portugal, numa aldeia próxima do litoral aveirense. Vista como promissora, excepto por ela mesma. Criada para ser católica apostólica romana, preparada para a vida e para o casamento com que nunca sonhou, com o português dos sonhos que nunca encontraria. Habituada a ser a melhor por falta de concorrência. Farta de viver numa casa onde todas as superstições maternas enchiam o ar e os defumadouros constantes eram mais importantes que as discussões sobre lógica e realidade. Onde só as supostas vozes do além traziam verdades, confiança e curas.
Outros princípios à espera de um final em Divas & Contrabaixos e em O Afinador de Sinos.
Todos os bons princípios aqui...
domingo, dezembro 17, 2006
die Weinachten
Dann haben Sie dem Weihnachtsmann die Haare geschnitten und neue Kleidung gekauft: jetzt trägt er einen neuen schwarzen Anzug. Er hat auch keine Brille mehr, trotzdem kann er noch die Briefe der Kinder und die schwere Bibel zu lesen. Obwohl er schon alt is, liebt er es, viele Bücher zu lesen. Aber nicht an diesem Weinachtsfest: er muss im Christkindbett bleiben, dashalb müssen das Christkind und die drei anderen Kinder die SuBigkeiten und die Spiele schenken.
Ein anderes Problem? Der Weihnachtsmann hat Angst vor Tieren: er muss brav sein, sonst bekommt er keine Geshenke. Was für einen gefährlichen Beruf hat er??!!!!
(OK, isto foi o TPC de alemão da semana passada!!)
quarta-feira, dezembro 13, 2006
O Livro dos Bons Princípios (14)
"homem só procura outra solidão para partilhar estuque de paredes e estilhaços de dias. gosta de velharias, não de antiguidades. preferência a mulheres ou a o que delas restar."
e é verdade que colocou, logo depois de alugar uma coisa mísera. e é verdade que ela apareceu, antecedida e sucedida de muitas outras mulheres. não queriam saber do apartamento. queriam saber de si. mas ela foi a única que apareceu a perguntar "posso ver a casa?"...
Outros pontos de venda ao público:
Divas & Contrabaixos
O afinador de sinos
segunda-feira, dezembro 11, 2006
um post mundano... mesmo
já me perguntaram como é que posso gostar deles... e, se calhar, não gosto deles, gosto d'HIM... sei lá porquê... o vídeo ajudou-me a encontrar algumas justificações... as letras não são particularmente inteligentes... e daí? funcionam como óptimas bandas sonoras do que não digo... lá no fundo, e não é surpresa para ninguém, gosto de descansar os olhos de vez em quando... e a música aos berros e apagar a luz e ser noite e abrir outra cerveja... e isso é mundano... e o gosto pode ser duvidoso... mas é sincero e prefiro apregoar uma sinceridade do que a maior bacorada para parecer intelectual... e isso é de muito mau gosto... mas ensinaram-me a não mentir... voilà! a normalidade é uma coisa estranha...
"There are things you should know
And the distance between us seems to grow
But you're holding on strong
And oh how hard it iss to let go
I'm so hard to let go
I'm waiting for your call
and I'm ready to take your six six six in my heart
I'm longing for your touch
and I welcome your sweet six six six in my heart" (Your sweet 666)
quarta-feira, dezembro 06, 2006
O Livro dos Bons Princípios (11)
Enquanto crescia, mantinha a convicção de que aquelas patranhas eram para pataratas e outros crentes. Quando adolescente, chegou mesmo a pensar que nunca se interessaria por aquelas desenxabidas, armadas em princesas, que ficavam deitadas sem se mexer. Frígidas. A vida foi apenas sedimentando estas convicções, transformando-as em modo de vida, à revelia de pequenos incidentes que lhe mostravam que "a cavalo dado, não se olha o dente", sobretudo quando se fala de éguas e de embriaguez e da infeliz conjugação das duas no mesmo quarto...
Era, como começámos, um inventor de histórias compulsivo. Se fosse historiador, seria inventor da História e não um desses arqueólogos de acontecimentos. E era inventor das suas próprias histórias e das que se inventava até passarem a ser verdade. Quando lhe perguntavam a profissão, ia alternando entre adjunto de chefe de estado (coisa fácil, já que, como ninguém sabe o que fazem, é fácil passar por um) e cozinheiro no "Tás-se Bem", restaurante para gente de bem (bem-vestir, bem-pagar, bem-viver). Às vezes descaía-se e lá confessava que era mentiroso.
E foi por isso que, naquela noite, a mesma em que o reencontrei, naquele lugar em que me contratou para transacção de carnes, me respondeu com um "não quero nada", quando lhe perguntei o que queria da vida. Eu era só uma pequena, num bordel tão escuro quanto vermelho, que lhe tentava vender o corpo por bom preço. Contou-me uns meses mais tarde, quando já eramos clientes assíduos um do outro, que nunca tinha gostado de putas que se vinham com perguntas existenciais. Preferia mentir. Eu acreditei, mas sabia que me estava a mentir...
Conhecia-o desde a niñez, quando ele me contava as suas versões da Bela Adormecida e da Branca de Neve, aquela meretriz dos contos para crianças, que inspirou muitas das minhas histórias do "Hidde and ride"...
Mais e melhores em...
Divas & Contrabaixos
O Afinador de Sinos
Toda a colecção em fascículos separados, encadernados e embonitados em O Livro dos Bons Princípios
sábado, dezembro 02, 2006
relatório de investigação
e nas pálpebras trancadas
incompatível com água salgada
sinestesia alérgica
assim
já não me espanta que haja luz em ondas
que passam sem me molhar
quarta-feira, novembro 22, 2006
O Livro dos Bons Princípios (6)
Outros princípios
O afinador de sinos (1) e (4)
Divas e Contrabaixos (2) e (5)
Inominável (3)
domingo, novembro 19, 2006
pedido
se não o puderes embrulhar
atira-me uma imitação brilhante
que também traga dias de sol
e estrelas do norte
e crianças a brincar à nossa porta
(deixa a porta aberta)
sexta-feira, novembro 17, 2006
anti-post
este é então um anti-post num anti-espaço...
isto tudo para anunciar que este post não serve para nada. Pim (lá dizia o outro). não serve para comentar, não serve para masturbar neurónios, não serve para imprimir e mostrar à família, não serve como material de escárnio. Pim.
terça-feira, novembro 14, 2006
O livro dos bons princípios (3)
O que prometeste naquela noite é que regressarias mais tarde, "daqui a pouco", com uma surpresa boa. Não disseste que me trarias uma caixinha encarnada, embrulhada em cetiz preto, com um anel de preço comprometedor a fitar-me e a brilhar mais do que eu. Não me disseste que esperavas que a abrisse com entusiasmo ou que respondesse à tua pergunta (aquela que nunca quis ouvir!!! e que vai bem com a nossa música preferida) com o mesmo encanto eufórico com que a pronunciaste. Não me disseste nunca que esperavas mudar a minha forma de encarar a vida e a morte do amor, nem nunca esperaste fazê-lo entre lençóis, porque aí apenas inventamos que estamos vivos… Fiquei tão indignada contigo! Ou foi raiva? Ou decepção?
Balbuciaste umas palavras de incompreensão que nenhum de nós quis ouvir, que fingi não ouvir, voltaste as costas e eu soube que estavas a tapar o choro ou o grito com a palma da mão. Sei que te esmaguei, mas os teus sentimentos eram demasiado tenros, como fruta que pisamos no chão, mesmo sem querer ou quando queremos mordê-la mas se desfaz nas nossas mãos.
Agora sei que vais casar. Por isso decidiste encontrar-te mais uma vez comigo... Para me dizeres isso. Talvez humilhar-me. Não me conheces. Mas porque é que esta conversa tinha que acabar sem roupa, como as outras antes desta? Casa-te. Quem fica com as tuas alianças sou eu.
Outros princípios:
O afinador de sinos (1)
Divas & Contrabaixos (2)
segunda-feira, novembro 13, 2006
O livro dos bons princípios
o que dizem os leitores sobre isto:
"que raio de projecto é este?" (anónimo 1)
"dá-lhes para cada coisa..." (anónimo 2)
"não compreendi? andam a inventar ou a plagiar?" (anónimo 3)
"a liberdade vai passando por aqui..." (não deixou nem o anonimato)
"o melhor projecto da Blogosfera a seguir a vários outros que não menciono" (Inominável)
sábado, novembro 11, 2006
o meu Valentine
fede de vinho a martelo
e me dá rosas roubadas
do jardim de um shopping
todas as noites me oferece
um dos anéis de Saturno
e inventamos o amor em torres de areia
de prédios em construção
o seu perfume é glandular
de água com sabão azul
e a sua boca tem o sabor doce
de cigarro com pastilha elástica
saimos a passear
nos autocarros vazios da cidade
à conversa sobre futebol e Zara
enquanto inventa sobre raparigas que não teve
e me conta lugares que não existem
jura que os meus olhos são lindos
de cada vez que me deita sobre a areia
desmanchamos as torres
e os meus cabelos se enredam na areia fina e crivada
sabe chorar
e eu sei amá-lo por isso
quinta-feira, novembro 09, 2006
Cobardia (curta-metragem 8)
E é verdade que sofria! Apaixonava-se e distanciava-se sempre com dor: a dor da despedida, breve ou para sempre, a dor da ausência, a dor dos sentimentos incertos que sufocam e parecem matar… a dor de saber que nunca mais. Quem a conheceu (eu conheci-a!) sabe que não amava de propósito, não sofria de propósito, assim como não se vive ou se respira de propósito: tudo acontecia simplesmente e ao acaso, sem vontade de ninguém! Às vezes dava consigo a pensar que não queria nada amar ou enrolar-se e enganar-se com este ou aquele, esta ou aquela, mas acabava por acontecer! Mesmo contra a vontade mais ferrenha.
Disse-me, numa tarde de inverno deitada sobre uma areia molhada, que não lhe apetecia nada gostar de mim porque teríamos que terminar, que eu também sabia disso e que, por isso, só estavamos a perder tempo.
"E que o tempo, mesmo tendo sido feito para se perder, deve ser perdido com algum pudor, com algum respeito, com comedimento".
Claro que perder tempo comigo era uma perda tão grande como com outro qualquer… A verdade é que não me queria amar. Eu compreendi. Deixei-a deitada na areia e caminhei para longe. Para outro país.
Era uma vez uma rapariga cobarde que tinha medo de amar e que amava sempre demais, enorme erro. Queria amizades e, ironicamente, perdia todos os amigos porque se impunha sempre o desejo maior de querer ir além do que lhe tinha sido destinado no elenco da amizade. Todas as encenações de amigos falhavam… Quis ser minha amiga. Eu quis ser seu amante. Foi esta inversão de papéis que nos separou: eu amei antes dela…
Era uma vez uma rapariga qualquer que…
quarta-feira, novembro 08, 2006
terça-feira, outubro 31, 2006
O acaso mora ao lado
Um dia, o filho morre. No dia seguinte, morre a mulher. A seguir a amante. No quintal tudo murcha e se descolora. O cão uiva pela última vez quando Feliciano se desfelicita e falece.
O resto são coincidências e não interessam.
segunda-feira, outubro 30, 2006
Bad mood
Advertising Space
(...) Waiting for God to stop this And up to your neck in darkness
Everyone around you was corrupted
Saying somethin'
(...) They poisoned you with compromise
At what point did you realise
Everybody loves your lies
But you ahahh
(...) And
No one learned from your mistake
(Robbie Williams, Album: Intensive care)
quarta-feira, outubro 25, 2006
papel de parede (curta-metragem 7)
Dormíamos lado a lado, sem fechar os olhos, atentos aos movimentos de tristeza que se tinha colado aos rostos como caramelo, amargo e negro. Nos rostos não havia já restos de nada. Nem das rosas de outrora, nem das palavras mais recentes. Tudo se tinha esvaído sem sentidos, por entre a escuridão que manchava a brancura do quarto.
- O que estás a fazer? – perguntou-me a rasgar os pensamentos.
- Tento redescobrir a sensibilidade desta parede, afeiçoar-me a ela – arrimei-lhe de olhos ainda fechados, enquanto a ponta dos meus dedos continuava a tentar compreender o braille daquele papel.
- Uma parede?
O silêncio voltou e tudo tinha acabado.
sexta-feira, outubro 20, 2006
alcatrão
alcatrão quente nas estradas
que arrastas aos poucos quando passas
segunda-feira, outubro 16, 2006
Pretérito Imperfeito (curta-metragem 6)
Não pensei que pudesses esquecer-me de imediato. Irradicar-me sem avisar da tua vida. Acho que, apesar desta dor incómoda e pesada, estás a ser sensato: sabes que há mais alguém na minha vida, sabes que volta e meia estou ausente e que matar saudades é sinal de fraqueza… Deixaste-me tão fraca! Porque me deixaste?
Podias ao menos continuar a dar-me pequenos sinais de vida, a ser simpático mesmo sendo impessoal, a ser uma companhia para o sexcafé semanal. Fui o teu troféu? A taça das taças, a UEFA, o campeonato nacional? Já percebi que não vale a pena continuar a tentar comunicar contigo e que o teu silêncio é uma opção definitiva, como amputar um membro doente. Não respondes a nenhuma das minhas perguntas (mesmo as tuas mensagens lacónicas e imprecisas eram valiosas!) e abandonas-me à incerteza de nunca saber quando te vou encontrar. À certeza de nunca mais te encontrar.
Mas tu estás dentro da minha cabeça! Tu estiveste dentro do meu corpo! Eu só quero que saias da minha cabeça! Só quero que reentres em mim…
Estarei a entrar na demência da idade? Perdoa-me o ser tão mais velha do que tu… Perdoa-me o ser magra. O ser assim tão pouco diante da imensidão que és tu diante de mim…
Pensarás que sou uma idiota louca que se perdeu por um rapazinho? Achas que foste uma aventura extra-escolar? Desejei-te desde aquele bar em que a música e o álcool me fizeram aproximar de ti. Desejei-te mais quando me convidaste para aquele café que terminou no teu carro. Eu precisava de emoções e de sentir que estava viva e tu deste-me tudo isso. Devo agradecer-te ou amaldiçoar-te porque me deixaste à deriva, agarrada a esta jangada podre? A esta jangada de lembranças velhas que me deixam flutuar sem me levar para terra, sem me deixar morrer, sem me matar…
sexta-feira, outubro 13, 2006
preocupações
terça-feira, outubro 10, 2006
sábado, outubro 07, 2006
As teses que ninguém (ainda) escreveu
- em Sociologia - "Análise comparativa do número de idiotas chapados por metro quadrado, em diversas regiões: as variáveis interior/litoral";
- em Economia - "Influência dos anos bissextos no crescimento do PIB anual comunitário: Portugal em destaque";
- em Política - "Estudo da percentagem de cretinos que acedem a lugares de (algum) prestígio e acabam por desempenhar satisfatoriamente as suas funções: o caso da cunha em política";
- em Linguística - "Impacte de Floribela e Morangos com Açúcar no desenvolvimento linguístico da população: o caso de "és tão dã-ã" e "tás-ta passar ou quê?"
- em Musicologia - "Revivalismo sebastiânico ou o neo-saudosismo na moderna música portuguesa: o fenómenos José Cid".
Alguns destes títulos podem exceder o número de caracteres, outros são quase esotéricos, todos são obviamente tendenciosos e alguns apontam resultados. Alguns quase que me parecem possíveis de realizar, dado o excesso de matéria que poderia servir como objecto de estudo.
Qualquer pedido de sugestão para futuros estudos pode ser dirigido para "Inominável, Ponto de Saturação, Blogger."
sexta-feira, outubro 06, 2006
Pretérito Perfeito (curta-metragem 5)
Para quê continuares a insistir e a tentar perceber o que aconteceu? Não te leva a nada! É inconveniente! Tu foste só aquele corpo que abracei e beijei e mordi, aquele corpo em que entrei, aquele corpo que me fez deitar e acordar satisfeito, talvez feliz, aquele corpo que gozei e abandonei. Porquês? Estavamos juntos, eu não tinha companhia, tu mostraste disponibilidade, ambos tínhamos bebido Bacardis e Smirnoffs muito para além da sobriedade e sabíamos, com essa inconsciência, que tudo teria que acontecer… Vês? É tão fácil perceber tudo… Em que parte desta história é que te perdeste? Naquela em que os sentimentos ficam de parte? Naquela em que perdeste a inocência da maturidade?
Não te sintas traída porque foste tu quem traiu primeiro. Não te sintas abandonada ou rejeitada porque não é assim que devemos terminar este jogo: ninguém deve perder, não sintas que perdeste. Se calhar, voltaremos a tomar um cafezito (o nosso sexcafé), com menos açúcar, e até podes falar do que estás a sentir, mas não me venhas com lamechices de quem crê que foi usada e enganada. Sempre soubeste tudo. Que culpa tenho se os corpos não resistiram à passagem de um pelo outro? Nunca te tinha acontecido? (Não mintas!)
Se não te telefono, nem envio toques ou SMS é porque não quero que te iludas com uma relação qualquer. Não quero ficar na tua memória como alguém que prolongou as expectativas e te deixou pendurada, sempre à beira do sufoco. Acredita que só quero ser uma lembrança boa na tua vida: "aquele rapazito com quem tive uma pequena aventura boa"… Tu serás sempre a "ex-professora dos meus colegas" que conheci num bar e dançou para mim…
E desculpe se a trato por "tu"…
sexta-feira, setembro 15, 2006
vegetal
sem regar as plantas secas dos meus pés
ao sol
curvado o caule
e estendida sob o céu da tua boca
espero que os meus cabelos se transformem
nas palmas
das tuas mãos.
quinta-feira, setembro 14, 2006
Pode um e-mail póstumo...
... mas tinha que te dizer o quanto gosto de ti, não importa se viva ou morta... quero dizer que tenho pena de nunca mais te ver, nem ouvir as tuas gargalhadas de optimismo e de não lutarmos acerca do Nikolas Sparks... e da tua quiche... e da tua prontidão, sempre disponível para ajudar... como é que o teu coração, tão grande ... não vamos falar desse traidor, pois não?
E nestas alturas, sinto-me muito egoísta porque penso que te foste embora... mas não é verdade: eu é que fiquei aqui, não é? A atrasar a partida, também... inutilmente. "por outras palavras"... fiquei sem ti... temporariamente sem ti... e sento-me incrédula diante destes e-mails que me chegam a dizer que morreste... e decido escrever-te para atrasar a despedida...
segunda-feira, setembro 11, 2006
a vinha vida comigo lá dentro ou a memória a pregar partidas (Variações sobre o meu tema preferido)
A pressa de chegar / P'ra nao chegar tarde
Nao sei de que é que eu fujo / Sera desta solidao
Mas porque é que eu recuso / Quem quer dar-me a mao
Vou continuar a procurar / A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi / Porque eu só quero quem
Quem nao conheci /
Porque eu só quero quem / Quem eu nunca vi
Esta insatisfacao / Nao consigo compreender
Sempre esta sensação / Que estou a perder
Tenho pressa de sair / Quero sentir ao chegar
Vontade de partir / P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar /A minha forma
O meu lugar / Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu nao estou
Porque eu só quero ir / Aonde eu nao vou
Porque eu só estou bem / Aonde eu nao estou
(António Variações, para os mais esquecidos)
sábado, setembro 09, 2006
"love is a cliché"
em tempos escrevi algo parecido, mas levei mais palavras para dizer o mesmo:
"Há uma visão romanceada na forma de ele se encontrar com a vida: deve ter-se esquecido que nem o amor nos poderá salvar! Nós escondemo-nos atrás de quem amamos e o amor não impede que se fodam outros, que se envelheça, que se morra!
Devia dizer-lhe que o amor é uma rocha que se ergue no caminho para nos fazer vacilar, duvidar de nós e da nossa mortalidade! "Ficaremos juntos para sempre", disse-me numa das poucas noites em que não nos encontrámos para abandonar os corpos ao desmazelo. Tentei não ouvir: mesmo quando o tempo é longo, dizer "para sempre" é sempre pouco tempo ou tempo demais. É uma pressão constante ouvir isso quando só se procura prazer e quando se sabe que não viveremos para cumprir o prognóstico…"
sábado, setembro 02, 2006
Aprendizagens inesperadas
não confirmo nem desminto.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Palavras à solta
Procuro palavras sem travões!
(E porque gosto das crónicas do autor: http://visaoonline.clix.pt/default.asp?SqlPage=AuthorContent&CpAuthorId=19584)
segunda-feira, agosto 21, 2006
Capacidade amputada (curta-metragem 4)
O que devo fazer ao desejo póstumo que sinto de outros corpos, de outros espaços, de outras emoções? Que farei com esta vontade de voar? Para onde me lançarei com estas novas asas renascidas, amputadas quando acreditei que te amava, que te amaria? Foi esse amor que me amarrou a ti e a esta casa e a este lugar que me deixou tão amarga e destemperada, tão desesperada pelos anos perdidos, tão angustiada pelos corpos que já não amarei porque a idade também passou por mim…
Está tudo perdido. Secámos até à infertilidade. Ou foi a minha infertilidade que nos secou? Sem filhos e sem amor, que faremos com esta vida que ninguém quer?
Estou perplexa diante deste pedaço de papel onde te anuncio que vou embora e desta vez para sempre. Não voltarei só porque estarás à minha espera. Desta vez, não! Sei que já não tenho idade para emoções juvenis e que talvez não encontre outro homem, alguém que me renove a alma, mas prefiro definhar sozinha a ter que acompanhar o nosso fim. Com raiva. Com pena de ti porque ainda me amas à tua maneira. Com medo de voltar a estar só.
Desta vez, escrevo-te um guardanapo definitivo.
sábado, agosto 19, 2006
Inocência
Todos os vestidos rasgados
o verniz roído a vermelho
as meias raspadas na espera
e a boca-rocha roxa
num corpo de areia que fendeu.
Quem te fez tropeçar dos meus olhos
e seguir em linha recta até ao chão?
terça-feira, agosto 15, 2006
Aveiro - Berlin
sexta-feira, julho 28, 2006
Anúncio: a nossa relação acabou...
Parece impossível!
Parece improvável!
Parece tremendo!
A nossa relação acabou! Sei que ainda passaremos alguns momentos juntos, será o meu bébé para sempre...
IUUUUUUUPIIIIIIIIIIII! Acabámos!
A questão existencial que se coloca agora, com alguma tremura nos lábios e nos olhos, é:
- Haverá vida depois da tese?
sexta-feira, julho 21, 2006
A Idinha é boa companheira...
é o descalabro! depois disto, posso esquecer a minha carreira, tão promissora, na política...
quinta-feira, julho 20, 2006
Problemas de comunicação
O problema, segundo já me afiançaram, foi de natureza simbólica, dando origem a um mal-entendido intercultural. Na minha modesta opinião, penso que deveria ter explicado melhor a minha concepção de "radical" e ter indicado a que tamanho correspondem 6 centrímetros...
Eu acho que a senhora já deve ter tido muitas decepções noutras áreas: afinal, o tamanho CONTA.
quarta-feira, julho 19, 2006
Procura-se um Freud :P
A primeira explicação, menos freudiana e mais académica, é que estou presa à correcção da tese!
Mas o giro do sonho é que morrer começava num balanço aquático... sim, aquático! Para podermos ser aceites na secção "mortos legítimos" era necessário passar na prova da água: a vida tinha valido a pena se se tivesse conseguido chorar muito e fazer chorar outras pessoas. A única chatice da prova (sim, eles não são nada parvos no além!!!!) é que só contavam as lágrimas boas... Bom, aí começou a minha morte a correr mal...
A segunda explicação tem mesmo que ser freudiana: devido a algum tipo de histeria, ando a ter sonhos parvos!
Continua o sonho: tive que "desmorrer" e descer pelo céu abaixo, para arrancar lágrimas por aí... até ser admitida no clube exclusivo dos mortos legítimos.
Foi uma noite bem dormida... sem mosquitos a sugarem o meu sangue tenrinho e envenenado, mas com partidas morais do sub-consciente!
sexta-feira, julho 14, 2006
Grafologia
"A inclinação de sua letra mostra que você é uma pessoa que demonstra um certo grau de instabilidade emocional no convívio social e parece ser bastante indecisa. A ligação de sua letra revela raciocínio lógico, dinamismo, método e uma tendência à rotinas. A direção de sua letra indica controle, constância e organização, especialmente nas tarefas cotidianas. A pressão que usa ao escrever sinaliza estabilidade e equilíbrio. As áreas valorizadas na sua escrita destacam imediatismo, preocupação com questões materiais e pouca motivação de crescimento interior. A forma de sua letra demonstra firmeza, decisão, perseverança e agressividade."
Identifico-me aqui, acolá penso que estão a falar de outra pessoa, ali parece surreal... Mas dava para acrescentar bué de características a este perfil tão miudinho :)
quinta-feira, julho 13, 2006
Abnegado (curta-metragem 3)
Não me importo que a cada regresso redigas que não me amas, que já não me amas, que nunca me amaste… Sei que é a tua forma sádica de me veres chorar. E é das minhas lágrimas que gostas antes de me desembrulhares o corpo, antes de o embrulhares no teu… É o meu sofrer-te que te regressa.
Não me importo que o ciúme me queime porque assim sei que se ardo é por ti, chama da minha consumição, escuridão sem archote, labareda sempre acesa dos meus demónios, tu, tu, tu, tu, gota de água só prometida, nunca alcançada. Água do meu consolo. Água em que me afogo, eu ainda em chamas… Chama-me! Falsa salvação.
Não me importo que digas que não tenho nada. Tenho-te nesse nada que é o meu mais-que-tudo e que tu não vês. Tenho-te no desassossego das noites sem ti… nas palavras que não dizes e que me invento. Tenho-te no vento. Tenho-te em todas as janelas dos amantes sem pudor. Em todas as praias com voyeurs. Em todos os sonhos em que te chamo e tu vens obediente e submissa e tão fora de ti que me pareces.
Vou-te ter sempre, mesmo quando acreditares que já não vais regressar e que estaremos até ao fim separados: separados na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos reúna…
Vês??? Não me importo que me enganes, que me desprezes, que me mintas, que não me sintas, que me deixes vezes sem fim porque eu sou o teu fim, ponto final, o teu secreto destino. Esse é o meu orgulho: ter-te quando já não puderes ser de mais ninguém…
sexta-feira, julho 07, 2006
Berlin - Aveiro
Então, de regresso à mãe-pátria, deixo aqui a lista de coisas que descobri que me fazem "craquer" em Portugal:
- bolos de bacalhau
- peixe fresco (sobretudo do mercado da Costa Nova)
- música pimba do Verão
- compreeender as conversas banais das pessoas desconhecidas na rua e nos cafés
- praia e os olhos molhados diante do mar gigante
- piropos
- café a 50 cêntimos
Quem me ajuda a aumentar esta lista????
quinta-feira, junho 29, 2006
e é assim que se criam relações interpessoais on-line
bom
Inominável sagt:
vou voltar à correcção da tese
SAT sagt:
força
Inominável sagt:
só vou na página 260 e anda faltam mais de 300
SAT sagt:
pois... é o que dá escrever muito
Inominável sagt:
pois
Inominável sagt:
mas só agora é que reparei
Inominável sagt:
quando estava a escrever sempre tinha vontade demais
Inominável sagt:
taradona da escrita, é o que é!
SAT sagt:
é um vício... eu sei
Inominável sagt:
o que fazer?
Inominável sagt:
eu sei que terapia nestes dias já é uma coisa normal, mas tenho vergonha
Inominável sagt:
e se descobrem?
SAT sagt:
eu posso falar com um gajo que arranja umas lentes de contacto que dão a impressão que a pessoa vê mas tiram a visão ao utilzador... assim já não pode Escrever e ninguém desconfia
Inominável sagt:
obrigada
Inominável sagt:
sempre o mesmo amigo
SAT sagt:
sim, um verdadeiro anjo, um amor de bicho e um companheiro inseparável
SAT sagt:
ou seja um cão
Non, Je Ne Regrette Rien
Ni Le Bien Qu'on M'a Fait, Ni Le Mal
Tout Ça M'est Bien Egal
Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
C'est Payé, Balayé, Oublié, Je Me Fous Du Passé
Avec Mes Souvenirs J'ai Allumé Le Feu
Mes Chagrins, Mes Plaisirs,
Je N'ai Plus Besoin D'eux
Balayé Les Amours Avec Leurs Tremolos
Balayé Pour Toujours
Je Reparts a Zéro
Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Ni Le Bien Qu'on M'a Fait, Ni Le Mal
Tout Ça M'est Bien Egal
Non, Rien De Rien, Non, Je Ne Regrette Rien
Car Ma Vie, Car Mes Joies
Aujourd'hui Ça Commence Avec Toi
(cantado por Édit Piaff)
terça-feira, junho 27, 2006
Modernidade
Ser ou não ser
já não é a questão.
Multiplicaram-se as possibilidades
dos príncipes da modernidade:
quase ser
também ser
porém ser
ser e não ser.
Foi assim (curta-metragem 2)
um encontro de dois pares de olhos vendados, felizes de se encontrarem sem se verem... a visão seria inútil. ninguém se vê. ninguém nunca se vê.
havia muitos copos de vinho tinto vazios sobre a mesa. nada neles era especial, excepto o anonimato e a liberdade do anonimato numa cidade grande, tão grande, tão grande. nada excepto o gosto do anonimato. e a fealdade.
mas eram almas felizes embriagadas, pintadas a tinto na esplanada do bar, que tinha aquele nome elegível e comidas com nomes ilegíveis e bebidas de nomes ilegíveis. nada de especial, naquela cidade grande, tão grande como a extansão das palavras naquela língua.
dois pares de pernas e de braços e de abraços desconhecidos numa cidade grande. o desejo da pequenez do quarto. o desejo da pequenez do sexo. o desejo de um vazio com significado. o desejo de um grande vazio, rodeado de nada a toda a volta, ilha-vácuo de uma cidade grande desconhecida e apertada.
eram só duas bocas numa cidade que se falavam entre si. e os braços daquelas bocas enterravam-se na noite que se abria.
nada de especial. nem lindo. só o encontro de dois estrangeiros numa terra estranha. as entranhas abertas.
domingo, junho 25, 2006
quinta-feira, março 02, 2006
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
De onde vens?
de onde chegaste? do fim-de-semana inseguro? do trabalho tão interminável que passará a data de validade? do meu olhar para tudo com os olhos escuros? do meu desemprego?
"tu eres la llave de vuelta y media, la una la que abre, la media la que cierra" (José Mercé)
terça-feira, fevereiro 07, 2006
O beijo (curta-metragem 1)
... pergunto-me há quanto tempo ela estará apaixonada por ele. como me suportará. como conseguirá fingir que suporta o que digo e faço. pergunto-me se não seria capaz de lhe arrancar todos os cabelos...
... e volto a ver tudo. outra vez. ele agarra-a contra a parede. outra vez. na minha cabeça todos os dias vejo aquele beijo consentido... que eu terei provocado, pensando que o analgésico funcionaria para lá da consciência, do sentimento, da visão material, dos factos... depois acabou.
... pergunto-me se vale a pena brincar assim... às escuras... dentro de mim sem saber durante quanto tempo vai doer. pergunto-me se não era capaz de sair pela rua a distribuir beijos... pergunto-me se vai doer menos quando deixar de o amar... e forem ambos pó.
volto a ver tudo e fecho os olhos.... mas estou sóbria. ainda dói. e ele ainda a beija contra a parede.