sexta-feira, junho 29, 2007

rosas com espinhos

"Pelo despacho (...) de Inominável, de 29 de Junho, fica exonerado do cargo de ministro da saúde (nem tou a citar nomes) da República das Bananas o licenciado (na melhor das hipóteses!!!) que lá está, com efeitos à data do despacho, por não saber o que é liberdade de expressão e por ignorar que a pluralidade de opiniões é legítima num estado democrático. A sua política é feita em termos jocosos e pretende atingir todos os portugueses." e blá blá blá

Consirando ainda que

alínea a) estou mais ou menos protegida pelo anonimato ;
alínea b) as pessoas que me conhecem não são bufos;
alínea c) não ocupo qualquer cargo do qual possa ser exonerado;

faço saber a todos, dado o meu sentido de oportunidade, que estas rosas são muito mal-cheirosas...

quarta-feira, junho 27, 2007

especulação

não sou dada a especulações e não quero levantar falsos testemunhos em público... mas tenho uma questão que me tem deixado enduvidada: O MONÓLOGO É POSSÍVEL?

se estou a falar comigo (é a porra do "monólogo" interior) ou para os meus botões ou para o boneco, há um destinatário... ou eu ou os meus botões ou o boneco... até o Santo António soube disso e foi pregar aos peixes...

às vezes eu respondo-me e continuo a falar comigo durante muito tempo, levanto-me questões, levanto-me objecções, levanto-me a moral... os meus botões são um pouco mais tímidos, mas respondem da sua redondez com o silêncio que lhes é habitual e eu sei logo que há algo nas minhas palavras que não bate certo e reformulo... o boneco responde muito baixinho (nunca compreendi o que dizia) e olha-me com os olhos sempre abertos de uma sabedoria esfíngica... eu leio a sua perplexidade e remisturo as palavras...

sobre os peixes do Santo não vou falar porque já não me lembro onde é que ele os encontrou (e esse lugar faria parte do contexto de produção do diálogo) e posso danificar a riqueza intercultural e linguística do referido encontro... e não sou dada a especulações...

quarta-feira, junho 20, 2007

segunda-feira, junho 18, 2007

Uma emoção muito forte é...

... ler "Le requiem de Terezin" de (Josef Bor) com o embalo do Requiem de Verdi...



"Raphaël Schächter, pianiste et chef d’orchestre tchécoslovaque, arrive au camp de Terezin le 30 novembre 1941 et le quitte pour Auschwitz le 16 octobre 1944. Entre ces deux dates, il réussit, en dix-huit mois d’efforts désespérés, à répéter et à faire jouer le Requiem de Verdi. Josef Bor (1906-1979) raconte cette histoire vraie en s’inspirant des versets du Requiem et en associant sa réflexion sur l’histoire à une méditation sur la musique. Une oeuvre unique, d’une remarquable vitalité."

domingo, junho 10, 2007

Paris, je t'aime

já não vinha a Paris há muito tempo... digamos que desde os meus 26 ou 27 anos... bom, há três anos que não percorria esta cidade até ficar com os calcanhares em água, os tornozelos inchados e os joelhos a quererem dobrar-se... ontem fiquei assim e acrescento o imenso calor que tinha em todos os lugares... a cidade nocturna era um caldeirão de pessoas... de pernas e braços e mãos e cabeças... é disso que eu gosto: de cidades que são caldeirões de pessoas e onde o anonimato e a ausência e a pequenez são as únicas presenças possíveis...

e dos namorados au bord de la Seine... e dos beijos que não são à R. Doisneau mas se aproximam... e eu fico a pensar porque raio é que ninguém me apanha assim no meio da multidão e me explica porque é que Paris é a cidade do amor... pois, "naqueles braços"...

quem viu "la môme" (ou La vie en rose) sabe que a cidade mudou muito... mas a vibração... bom... a vibração... bom... a vibração... bom...

PS_ e as saudades de Berlin... "daqueles braços"...

segunda-feira, junho 04, 2007

Paixão certa

Não digas como me comportar diante dela… Dela que não me conhece, que nunca ouviu falar de mim, que ignora o dia em que irá encontrar-me. Que ignora em que dia serei dela…

Não me digas que palavras usar para me defender das humilhações impostas pela sua mão estendida, pela sua altura diante de mim, homem miúdo, encolhido, sumido, olhando o infinito invisível e pesado.

Sobretudo, não me dês conselhos: um dia precisarás deles pois serão os mesmos para ti. Também serás dela, como o Pedro, o Helder e a Rita. Ninguém escapa ao seu olhar sedutor e final, ao seu respirar junto à pele, à sua forma imprevisível de nos arrebatar! No dia em que a vires, terás sucumbido aos seus pés, julgando encontrar o paraíso entre as pernas de uma prostituta. Porque ela é prostituta, puta louca e sem preço que tudo faz por prazer, saltando de corpo em corpo, de vida moribunda em direcção a outra! (Todo o corpo é já vida moribunda, areia contada numa ampulheta opaca…)

Não digas nada. Ainda não. Podes ficar aqui, apenas com o que sou, sabendo que te vou deixar e partir com ela. Quando ela vier, serás abençoada por uma solidão temporária, até que (se) venha para ti também!

A Morte é uma prostituta bissexual, como convém a este negócio que envolve carnes.