quinta-feira, dezembro 13, 2007

gravidade

tantas coisas etereas que pesam: o amor, a liberdade, o ciúme. a vida que pesa até à morte... é a gravidade em todas as coisas...

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quarta-feira, novembro 28, 2007

... apeteceu-me parar...

... e olhar para a fresta de inverno que está a acontecer. deixei-me ficar e respirei o ar frio e o vento gelado e os galhos nús das árvores, atormentadas diante do calor da minha janela ...

continuo parada, assim, diante do mundo, enquanto o meu mundo cresce.

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segunda-feira, novembro 19, 2007

o medo

todos os monstros
me acontecem
em silêncio
ou entre dois barulhos
que aparecem muito baixinho

(o silêncio é muito fundo
e escuro
e engole-nos para dentro dos pensamentos)

o medo também tem medo
do silêncio
e esconde-se debaixo da minha cama
para não o ouvir chegar

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segunda-feira, novembro 12, 2007

negócio

pagas o meu esperar-te
com um silêncio agudo e absoluto

temos que estabelecer outra moeda de troca
equilibrar as transacções
ou abrir falência
deste amor

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terça-feira, novembro 06, 2007

génesis

eras só um silêncio parado
à beira-corpo
disfarçado de vidas

vieste maquilhado de vazio
ocupar o espaço
extensamente breve
da má-criação





...............................(tombámos desde a origem)



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terça-feira, outubro 30, 2007

antes

antes que o dia acabe
e fique só esta margem
de um rio parado

antes que a manhã traga o orvalho
e o medo

escrevo-te nascentes, fontes e mar
escrevo-te seixos e paus e lodo

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sexta-feira, outubro 19, 2007

O erro do oitavo dia

depois da criação
o cansaço
ou a saturação
ou a satisfação genesíaca
tomaram conta de Deus

ao que parece esse foi o seu único erro:
esqueceu-se dos acertos
das correcções
das adaptações
e lançou o protótipo no mercado -
versão Homo Simius 0.1

(não se conhecem versões posteriores)
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segunda-feira, outubro 15, 2007

bem-aventuranças

bem-aventurados
os doidos
os loucos
e as bestas
porque são felizes:
compreendem o mundo aos bocadinhos
e isso lhes basta

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quarta-feira, outubro 10, 2007

Grenoble

esta paisagem são mulheres
de perfil
onde adivinho
nádegas ventres
e peitos
e vales de vulvas

não são as montanhas
que te rodeiam
mas as curvas
das mulheres deitadas
de perfil

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sexta-feira, setembro 21, 2007

... e esta música que não me sai da boca...

... por culpa de eu-sei-quem que me deu o CD "Clã e Sérgio Godinho ao Vivo" :)

Espalhem a notícia, Sérgio Godinho


Espalhem a notícia
do mistério da delícia
desse ventre
espalhem a notícia do que é quente
e se parece
com o que é firme e com o que é vago
esse ventre que eu afago
que eu bebia de um só trago
se pudesse

Divulguem o encanto
o ventre de que canto
que hoje toco
a pele onde à tardinha desemboco
tão cansado
esse ventre vagabundo
que foi rente e foi fecundo
que eu bebia até ao fundo
saciado

Eu fui ao fim do mundo
eu vou ao fundo de mim
vou ao fundo do mar
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher
vou ao fundo do mar
no corpo de uma mulher bonita

encontrei em http://amorizade.weblog.com.pt/arquivo/2004/10/espalhem_a_noti.html
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quarta-feira, setembro 05, 2007

Stirling & Mel Gibson naquele filme...

a escrever de Stirling... de onde????

vamos por partes... lembram-se de um filme lamentável com Mel Gibson em que ele corria de saia às pregas e empunhando uma espada e gritando Freedom e outras coisas assim????? pois, aí, nessa cidade escocesa, terras altas, montanhas e vales e verde... como sou destas graças, fiz uma caminhada (digamos que longa e a pique) até à torre onde a cena "freedom" foi filmada (bem, pelo menos não fui a única)... paisagem linda, sem dúvida... aposto que o Mel também gostou... mas chegar à torre e ver uma estátua do actor disfarçado de libertador escocês e com "freedom" talhada na pedra fresca.... bom, é de morrer de rir... é como se começassem a contar a história em a.M e b.M (after & before Mel)...

domingo, agosto 26, 2007

finalmente...

... repondo à Idinha, sobre os livros 10 mais...

1. Shalimar, o Palhaço, de Salman Rushdie;
2. Em Nome da Terra, de Vergílio Ferreira;
3. L'étranger, de Albert Camus;
4. L'être et le néant, de J. P. Sartre;
5. Cien años de soledad, de Gabriel. G. Marques;
6. El llano en llamas, de Juan Rulfo;
7. As velas ardem até ao fim, de Sandor;
8. Tanta Gente, Mariana, de Maria Judite de Carvalho;
9. Antes que anoiteça, de Reinaldo Arenas;
10. (...)

domingo, agosto 12, 2007

metáfora

às vezes
emprestas-me as asas
e eu voo para longe
insegura na condução

e às vezes
perco-me com as tuas asas
e não sei regressar
e choro-nos
e prometo que nunca mais

e às vezes
devolvo-tas machucadas e sujas
dos acidentes
que acontecem
quando voamos em asas
que não são nossas
.

terça-feira, agosto 07, 2007

cansaço

estou cansada...

como diria o Pedro Paixão, "viver todos os dias cansa"... resta saber que definição se pode dar deste verbo...

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sexta-feira, julho 27, 2007

masoquismo

mordo-me como se me amasse

os dias passam em rodapé
entre masturbação e poesia
sem saber onde esqueci
os flamingos sem direcção
de asas perdidas à míngua de voo

mordo-me até me amar

terça-feira, julho 24, 2007

a J. - o meu Cavalo à Solta

Minha laranja amarga e doce
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura
Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa
Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha laranja amarga e doce
Minha espada, poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sossego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha alegria, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura

Fernando Tordo - Cavalo à Solta
Letra de José Carlos Ary Dos Santos

sábado, julho 21, 2007

adultério

queria que o meu coração fosse uma pedra
para te atirar com ele

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quarta-feira, julho 18, 2007

e os últimos livros foram...

"The book of illusions", de Paul Auster;
"Small world", de David Lodge;
"The Prague orgy", de Philip Roth;
"the breast", de Philip Roth.
...

Não, não me passei, comprei em inglês mesmo, em Londres mesmo, para ler mesmo nesta língua que está longe de me aquecer ou de me arrefecer...

PS- comparada com Londres, Berlin é mais ou menos uma aldeia provinciana... e eu sempre gostei de meios rurais!!! :)
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segunda-feira, julho 09, 2007

dádiva

és a materna idade de onde nasci
nado-vivo sem nada por onde me dar

deste-me à luz
num parto doente e farto
e eu dei-te estes olhos mortos
transloucados de claridade

segunda-feira, julho 02, 2007

A fuga

Mergulhaste vertical na água das minhas mãos
e delas nasceram crias-sonho
aquáticas
com pestanas e penas translúcidas
que ganharam cor contigo.

Mas as crias-sonho retornaram-te
num repente de rapina.

No lugar delas ficaram só as minhas mãos
- estas mãos incrédulas -
cornucópias secadas
pelo voo arrasante do teu corpo.

sexta-feira, junho 29, 2007

rosas com espinhos

"Pelo despacho (...) de Inominável, de 29 de Junho, fica exonerado do cargo de ministro da saúde (nem tou a citar nomes) da República das Bananas o licenciado (na melhor das hipóteses!!!) que lá está, com efeitos à data do despacho, por não saber o que é liberdade de expressão e por ignorar que a pluralidade de opiniões é legítima num estado democrático. A sua política é feita em termos jocosos e pretende atingir todos os portugueses." e blá blá blá

Consirando ainda que

alínea a) estou mais ou menos protegida pelo anonimato ;
alínea b) as pessoas que me conhecem não são bufos;
alínea c) não ocupo qualquer cargo do qual possa ser exonerado;

faço saber a todos, dado o meu sentido de oportunidade, que estas rosas são muito mal-cheirosas...

quarta-feira, junho 27, 2007

especulação

não sou dada a especulações e não quero levantar falsos testemunhos em público... mas tenho uma questão que me tem deixado enduvidada: O MONÓLOGO É POSSÍVEL?

se estou a falar comigo (é a porra do "monólogo" interior) ou para os meus botões ou para o boneco, há um destinatário... ou eu ou os meus botões ou o boneco... até o Santo António soube disso e foi pregar aos peixes...

às vezes eu respondo-me e continuo a falar comigo durante muito tempo, levanto-me questões, levanto-me objecções, levanto-me a moral... os meus botões são um pouco mais tímidos, mas respondem da sua redondez com o silêncio que lhes é habitual e eu sei logo que há algo nas minhas palavras que não bate certo e reformulo... o boneco responde muito baixinho (nunca compreendi o que dizia) e olha-me com os olhos sempre abertos de uma sabedoria esfíngica... eu leio a sua perplexidade e remisturo as palavras...

sobre os peixes do Santo não vou falar porque já não me lembro onde é que ele os encontrou (e esse lugar faria parte do contexto de produção do diálogo) e posso danificar a riqueza intercultural e linguística do referido encontro... e não sou dada a especulações...

quarta-feira, junho 20, 2007

segunda-feira, junho 18, 2007

Uma emoção muito forte é...

... ler "Le requiem de Terezin" de (Josef Bor) com o embalo do Requiem de Verdi...



"Raphaël Schächter, pianiste et chef d’orchestre tchécoslovaque, arrive au camp de Terezin le 30 novembre 1941 et le quitte pour Auschwitz le 16 octobre 1944. Entre ces deux dates, il réussit, en dix-huit mois d’efforts désespérés, à répéter et à faire jouer le Requiem de Verdi. Josef Bor (1906-1979) raconte cette histoire vraie en s’inspirant des versets du Requiem et en associant sa réflexion sur l’histoire à une méditation sur la musique. Une oeuvre unique, d’une remarquable vitalité."

domingo, junho 10, 2007

Paris, je t'aime

já não vinha a Paris há muito tempo... digamos que desde os meus 26 ou 27 anos... bom, há três anos que não percorria esta cidade até ficar com os calcanhares em água, os tornozelos inchados e os joelhos a quererem dobrar-se... ontem fiquei assim e acrescento o imenso calor que tinha em todos os lugares... a cidade nocturna era um caldeirão de pessoas... de pernas e braços e mãos e cabeças... é disso que eu gosto: de cidades que são caldeirões de pessoas e onde o anonimato e a ausência e a pequenez são as únicas presenças possíveis...

e dos namorados au bord de la Seine... e dos beijos que não são à R. Doisneau mas se aproximam... e eu fico a pensar porque raio é que ninguém me apanha assim no meio da multidão e me explica porque é que Paris é a cidade do amor... pois, "naqueles braços"...

quem viu "la môme" (ou La vie en rose) sabe que a cidade mudou muito... mas a vibração... bom... a vibração... bom... a vibração... bom...

PS_ e as saudades de Berlin... "daqueles braços"...

segunda-feira, junho 04, 2007

Paixão certa

Não digas como me comportar diante dela… Dela que não me conhece, que nunca ouviu falar de mim, que ignora o dia em que irá encontrar-me. Que ignora em que dia serei dela…

Não me digas que palavras usar para me defender das humilhações impostas pela sua mão estendida, pela sua altura diante de mim, homem miúdo, encolhido, sumido, olhando o infinito invisível e pesado.

Sobretudo, não me dês conselhos: um dia precisarás deles pois serão os mesmos para ti. Também serás dela, como o Pedro, o Helder e a Rita. Ninguém escapa ao seu olhar sedutor e final, ao seu respirar junto à pele, à sua forma imprevisível de nos arrebatar! No dia em que a vires, terás sucumbido aos seus pés, julgando encontrar o paraíso entre as pernas de uma prostituta. Porque ela é prostituta, puta louca e sem preço que tudo faz por prazer, saltando de corpo em corpo, de vida moribunda em direcção a outra! (Todo o corpo é já vida moribunda, areia contada numa ampulheta opaca…)

Não digas nada. Ainda não. Podes ficar aqui, apenas com o que sou, sabendo que te vou deixar e partir com ela. Quando ela vier, serás abençoada por uma solidão temporária, até que (se) venha para ti também!

A Morte é uma prostituta bissexual, como convém a este negócio que envolve carnes.

quarta-feira, maio 30, 2007

mas afinal, onde estive?

homens e mulheres para lá de giros, mini-saias, decotes e calções, qual véu, qual carapuça, quilos de maquilhagem para elas, muita ousadia e flirt para elas e eles, algum álcool e muito tabaco, sem distinção... muitos carapaus de corrida, muitas gazelas na Primavera...

mais pistas? bandeirinhas vermelhas e a carinha cínica do presidente por todo o lado (não vou falar da imprensa escrita com um ratio de uma menção ao nome do presidente por parágrafo), o lilás das pontes, os campos e as ruas semeados de sacos plásticos e papéis variados...

ainda mais pistas?

terça-feira, maio 15, 2007

Newton reescrito

de tanto voar
fechou as asas
e deixou-se vir
pelos céus abaixo
caído

contra as leis metafísicas
um pardal
de vôo anónimo
e de anónimos ânimos
provou que a liberdade
também pesa

quarta-feira, maio 09, 2007

resposta do amigo

as minhas velas
não ardem até ao fim:

apago-as sadicamente
sufocando-as do ar
com que me consomem
ou esmago o caule da chama
no poço líquido da cera quente

(nas intermitências da luz
e da morte
escondem-se os fantasmas
que abrigo debaixo da cama)

apagadas
deixam-se ficar na memória
acesas e coradas
como uma memória

nunca acendo as velas que apaguei:
extintas não me queimariam

terça-feira, maio 08, 2007

E se eu fosse uma personagem de "Sexo & a Cidade"?

pois.....

Você é Miranda:
Você tem um espírito independente e proclama alto e bom som que o amor não é prioridade – o que não deixa de ser verdade, mas esconde também algum medo de ficar só.
É muito opinativa e mesmo sarcástica.


domingo, maio 06, 2007

sonífero

e
antes de adormecer
boiando na superfície do teu corpo
pergunto-me
se elas também te beijavam os ombros
oferecidos agora
horizontalmente
à minha boca

quarta-feira, maio 02, 2007

reduzir, reciclar, reutilizar...

andava à procura de algo para publicar aqui e eis que volto a descobrir a sub-pasta "The recycle bin of love", na pasta "XXX - o eu proíbido"... estes nomes são coisas para analisar psiquiatricamente... ou mesmo freudianamente... ou apenas rir e chorar por mais...

já não me bastava ter um "recycle bin" no desktop, sempre cheio e na expectativa de ser esvaziado sem voltar a necessitar do lixo que para lá remeti, como ainda tenho um tambor cheio de lixo emocional (por sinal, já não o reciclo há muito tempo!)... amores descartáveis... sentimentos efémeros...

parece que o meu espírito ecologista está em alta... pergunto-me o que significará reduzir, reciclar e reutilizar um amor... e mais, pergunto-me se é possível... e para que servirá aquela sub-pasta há tanto tempo guardada... sobretudo com um ficheiro word lá dentro que se chama "ver esta reles humanidade com mais piedade e perdoar-me de lhe pertencer"... t(r)emores...

quarta-feira, abril 25, 2007

Poema de Abril póstumo

um poema pequenino
sai à rua
mas já não é Abril

a sua voz seca no chão
entre os cravos enrugados

terça-feira, abril 24, 2007

Impressões de expressões

de duas exposições temporárias no Reina Sofia (Madrid), no passado fim-de-semana, surgem-me secas à garganta estas palavras...

da exposição de Darío Villalba - o homem encapsulado. a redoma. a solidão. a impenetrabilidade. a bilis. o fel. o medo. o anonimato. a castração.

da exposição de Chuck Close - as pessoas a ganhar significado apenas ao longe ou quando delas nos afastamos. de perto, pontos e pontos e pontos e pontos sem significado, abstraídos do conjunto que são. de perto, só os pedaços incoerentes e imperfeitos. quando nos afastamos, compomos a visão de conjunto e o que fica é afinal um rosto individualizado... afastamento e proximidade: duas formas de abstracção.

impossível ficar imune... ainda dizem que a arte não serve para nada...

segunda-feira, abril 16, 2007

Desgaste

Eu tenho comidas preferidas
e palavras preferidas
e pessoas.

Todas efémeras
consumíveis
enjoáveis.

Pré-feridas.

quinta-feira, abril 12, 2007

destruição e criação

se eu um dia me transformar em noz, bates-me até partir a casca?
porquê isso?
sinto-me cada vez mais fechada e dura.
posso antes semear a noz e ver que fruto vem?


(tenho medo de me transformar em noz)

terça-feira, abril 03, 2007

Schönes Wetter in Berlin

isto está mesmo wunderbar!!! olho pela janela e mesmo as árvores mais tímidas começam a jorrar verde. os arbustos variam entre amarelo e cor-de-rosinha... a Primavera entra-me pelos olhos enquanto estou a trabalhar e deflagra-me no cérebro químicos afrodisíacos...

os Berlinenses andam excitadíssimos com esta Primavera avant-garde: as esplanadas estão cheias, os decotes e as mini-saias proliferam, os ciclistas já fizeram os calções sair das gavetas (mas quem vê pernas não vê corações!)...

já só falta o Cariño chegar para me despregar do ecrãn!!!!

PS- reparo que era mais coerente escrever isto em alemão! Acho que deveria voltar para a escola (Deutsch als Fremdsprache)!!! Pois, ja ja, mais acham que é fácil?

domingo, abril 01, 2007

1º de Abril, poisson d'avril

Este blog não permite comentários anônimos.
A moderação de comentários foi ativada. Todos os comentários devem ser aprovados pelo autor do blog.

Você está postando como inominável.

Use outra conta.

quinta-feira, março 29, 2007

medir

o tempo anda às voltas
circular
como em torno de magma

meço a duração
com o compasso de espera

e ardo

terça-feira, março 20, 2007

a dar as últimas...

... nos últimos dias da temporada em Aveiro...

ficam na memória os filmes que vi - e foram muitos e legendados em Português, olha ò luxo - e os livros que me apaixonaram nestes entretantos: "Le maître des âmes" (Irène Némirovsky), "Pássaro Pintado" (Jerzy Kosinski) e "As velas ardem até ao fim" (Sándor Márai). Denominador comum: a II G.M., do pré ao pós-guerra...

... e hoje é um dia feliz: a Lili faz anos!!! e ela é a minha alegria :)

quinta-feira, março 15, 2007

... nobre povo... supersticioso?

"eu cá não sou supersticioso,
mas o pai dela dá-me azar..."

Heróis do Mar

domingo, março 11, 2007

uma posta, dois pontos fortes, a mesma fonte...

e a fonte é.... "Philosophie magazine", nº 7 (março de 2007)

(1) Títulos bestiais do dossier "sexe et morale". Aceitam-se respostas, no continuum mais idiota - menos pseudo-científico, a estas questões relevantes:

- "quelle différence y a-t-il entre une partie de jambes en l'air et un match de tennis" (p. 42)?
- "peut-on fouetter son partenaire s'il le demande" (p. 50)?

(2) O artigo "l'erreur de Narcisse" é dedicado à comunidade de prática de narcisismo constituída pelos... bloguers! É isso mesmo: se estás a ler isto, se escreves um blogue, os autores do artigo chamam-te "narcisista". Eu pensava que não era. Agora estou confusa... Amanhã talvez seja... E até explicam porquê: "telle une bouteille qu'on jette à la mer, au milieu des surfeurs, le blog est une supplique reconnue d'utilité publique, une opinion sur rue, la prière éperdue d'un être (vous et moi) qui, faute d'être qui que ce soit, mendie tous les jours l'onction des inconnus"... as pérolas continuam: "la publicité de l'intime dissimule le sentiment du vide sous l'alibi de la transparence. (...) La tentative impérialiste de rendre important ce qui n'importe qu'à soi" (p. 20).

Face a esta caracterização da comunidade de bloguers, pergunto-me:

- que blogues andam estes filósofos a ler? parece-me que fazem péssimas escolhas...
- de onde lhes chega esta autoridade e legitimidade para generalizar?
- de onde lhes chegou a ideia de que as personalidades públicas (nomeadamente políticos e jornalistas) não têm blogues?
- sentes-te vazio? desse vazio que se enche na proporção dos posts que escreves? de onde lhes chegou a iluminação para nos tornar vítimas de um "vazio" qualquer?
- que raio de conceitos são estes de transparência e de importância? queres ser transparente? não preferirás ser subjectivo?
- "tentativa imperialista"? imperialista é pensar que as fontes de comunicação e de informação e de socialização e de racionalização são imutáveis e estão condenadas a cingir-se aos tradicionais mentores-formatadores da opinião pública...

[[e ando eu a ler isto num rico domingo de praia, entre magnum de amêndoas e um fino fresquinho...]]

segunda-feira, março 05, 2007

íntima idade

cala-te

deixa-me acreditar
que podemos voltar
ao ainda em que
não nos conhecíamos
nas nossas línguas

quinta-feira, março 01, 2007

para J.

e aquela música ainda toca
quando os olhos choram a mar
e os cheiros são essa sinestesia
do meu corpo-noz
no desassossego quente
das tuas mãos fechadas

é só aquela música que me toca

quarta-feira, fevereiro 28, 2007

"vá vá!!!!" e eu... fui!

já era espaço de escrever sobre isto... ou tempo...

é dogma que "não há nickname como o primeiro" e "longe dos olhos, perto do teclado". é comum ouvir-se dizer que as pessoas se mexem de forma diferente no mundo real e no mundo virtual. e é comum aceitar-se como versículo bíblico que a realidade é bastante frustrante quando comparada ao idílico quadro dos cyber-espaços... pois bem, desacreditem-se. reescrevam os dogmas da ciber-sociedade... dou dois exemplos:

1. conheci a proprietária do Sulbúrbio num fórum sobre chats e confesso que ao vivo e a cores a dita é muito mais divertida... ficámos amigas!!! já passaram alguns anos e, helàs, ainda nos rimos à fartazana, pelo Bairro Alto adentro (e aforas!);

2. chego à tertúlia e eis que oiço "tinha-te imaginado mesmo assim", sendo este assim físico, psicológico e sabe-se-lá-mais-quê!!! disse-mo a moça que anda sempre com o seu caderno de campo atrás!

ou seja, no fundo, a ser alguma coisa, a realidade é tão frustrante ou avassaladora como as transposições virtuais... ou não é nada e é bom nem falar em transposições para não entrarmos em quadros de esquizofrenia... ou confundirmos o autor com o narrador...

e eu sou adepta do "ao vivo e a cores"... quem me conhece on-line sabe disso ;)

sábado, fevereiro 17, 2007

em directo de Grenoble

mesmo com pouca neve, tive a minha primeira lição de "sky de fond"... sou má aluna, mas o professor era paciente e amável e não me deixava para trás! depois de várias quedas livres (sobretudo porque ganhar balanço se aprende rápido, mas travar é difícil!!!!), consegui algumas descidas sem que a força da gravidade e a minha total descoordenação me fizessem arrefecer as nádegas...

balanço: quero mais e dessa vez não levarei jeans, porque deixam manchas azuis na neve e a roupa interior colorida :P

quero mais!!! e já sei calçar todo aquele aparato...

domingo, fevereiro 11, 2007

e porque é... "Inverno"

és a primavera que nunca chegou:
só um Inverno demasiado longo.....

primavera impotente
morta com todos os perfumes fechados
incapaz de aquecer ou de florir

arrefeço com o calor que ofereces:
um sol cínico e gelado já gasto
noutros corpos
noutros rostos
um sol afogado no brilho imóvel
imutável
das palavras

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Balanço intermédio

1. depois do curso intensivo de alemão (Deutsche blá blá blá), consigo contar até 10 (bis 10) e ter conversas idiotas sobre temas banais... chamaram-lhe A2 do Conselho da Europa , mas eu desconfio... não é auto-estrada nenhuma porque, como podem imaginar, eu sou mesmo devagarinho... além de preguiçosa e houve dias em que não fiz o TPC (hausaufgaben)...

2. a neve chegou. bom, na verdade, já tinha chegado antes, mas como só agora estou a falar disso, faz de conta que a neve chegou pela primeira vez à cidade e que estou, pela primeira vez, a olhar para o parque branco que se estende em frente à janela onde estou a escrever...

3. comprei um CD do uruguaio Martin Buscaglia ("el evengelio según mi jardinero") e descobri que ele me dedicou uma música (a número 8), que se chama "vagabundo", cantada no masculino apenas para disfarçar...

4. a caminho de Grenoble e de Portugal continental (tive que deixar Açores e Madeira para outra vez)...

domingo, fevereiro 04, 2007

violação

forçou o cadeado da fantasia
interrompeu-lhe os sonhos
e obrigou-a à realidade

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

isto de ser Inominável...

... às vezes é chato... nunca ninguém me chama nomes... se calhar, nunca poderei ser um nome, desses que te dão e te ficam colados à pessoa que és... ou que vêem em ti...

caramba, mas nem um nomezinho pequenininho?

sábado, janeiro 27, 2007

migração

um dia também partirei com os pássaros
e saberei que amar-te
terá sido um instinto sazonal

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Autobiografía de una puta

en todas las esquinas del tiempo
te espero
te busco
me pierdo
(SIN TI)

son tus manos que me cogen
me abrazan
salidas de los brazos de otros hombres
(CONTIGO)

quarta-feira, janeiro 17, 2007

O Livro dos Bons Princípios (25)

Procurei fora de mim o amor que me devia… nunca o encontrei… Procurei-o no corpo de todas as mulheres, no rosto de cada filho, no gozo da heroína… procurei-o nos homens com quem dormi.

"Nunca amaste ninguém porque o amor parte de dentro. Apenas te distraíste." Deve ser verdade, I.!

Numa daquelas noite com Ele, disse-me que o verdadeiro amor tinha um poder incontrolável e que eu nunca abandonaria a minha vida por amor, como ele fizera… Claro que não! Para quê comprometermo-nos com alguém se basta aprender a dizer, em várias línguas, "voulez-vous coucher avec moi"? Tive pena de não o ter aprendido em serrano, para evitar aquele jogo de rato que quer ser comido por um gato na dieta…

Houve aquela noite em que quis ser assediado por I., para deixar de lhe resistir, podendo alegar depois que o corpo não tem consciência! Ele ficou quieto, acho que para não ser negado como das outras vezes! Merda! Eu queria-o e Ele ficou parado de cegueira, sentindo-se indigno de quem o desejava… Devia ter-lhe falado na língua que ele aprendeu na serra, com as cabras e os cães com cio!

A experiência de outros princípios em O livro dos bons princípios. O que há de comum entre O afinador de sinos, Divas e Contrabaixos e esta saturação?

sábado, janeiro 13, 2007

devir

quero rebentar-me contra o teu corpo
e desaparecer com a precisão das ondas

terça-feira, janeiro 09, 2007

aula de leitura

como uma criança
que não aprendeu a ler
abro o livro breve do meu corpo
e espero que os teus dedos
se encaminhem na leitura
ensinando-me os sons
as sílabas
as palavras
onde se perdem os sentidos

quinta-feira, janeiro 04, 2007

O Livro dos Bons Princípios (20)

Era o quarto filho dos Pereira, para quem as esperanças de uma vida folgada tinham ficado na capital angolana, junto dos despojos de uma primeira tentativa de vida: casa, carro, palmeiras e balouços… Só a primeira filha regressou com o casal, quando a casa foi invadida e queimada. Isso terá sido por volta da revolução, e já nessa altura se enchia o país com os portugueses de segunda que atafulhavam os portos de Lisboa e transformavam a paisagem da capital com as barracas improvisadas: português que é português sabe que tudo já está bem quando "arremedeia". Assim, criavam-se e transformavam-se bairros em Portugal, que segundo os retornados se assemelhavam às sanzalas, sempre depreciativas, sempre pouco higienizadas, sempre piores que as dos pretos, mas sempre vistas como provisórias. "Até que o governo nos dê uma casa", dizia-se, sem se saber ao certo quem era esse governo e sem conhecer as suas prioridades. Sem saber quando viria essa casa e sem saber que Portugal era bastante mais frio para as crianças e para as bananas e mangos e abacates que agora já não cresciam à beira das estradas. Sem saber que para sempre seriam conhecidos por retornados e que isso os impediria de aceder à classe dos bem-vindo. Que nunca seriam emigrantes tão bons como os lusofranceses, lusobrasileiros, lusocanadianos, lusoamericanos e outros bem vistos lusos.

Outros princípios, a cheirar ao novo ano em Divas & Contrabaixos e em O Afinador de Sinos. Todos aqui.