... é preciso saber dizer não. Num mundo que vende o consenso como forma de democracia, imaginar alternativas é uma forma de ser alternativa.
ponto.de.saturação.......
quantidade máxima de vapor de água que o ar pode conter, a uma determinada temperatura
sexta-feira, fevereiro 10, 2012
terça-feira, novembro 08, 2011
Elegia dos velhos amantes (ou de como Brel nos enganou!)
Não sou capaz de te amar. Não sou capaz de voltar a ver os teus vinte anos nem de imaginar o teu corpo antes do tempo que passou por ele. Pesadamente… Vejo agora um homem que não amo. Não respeito. Tudo continua a arder à nossa volta e nós secámos até nos transformarmos num riacho murcho. Seco. Árido e deserto onde nada vai crescer… nem nascer…
O que devo fazer ao desejo póstumo que sinto de outros corpos, de outros espaços, de outras emoções? Que farei com esta vontade de voar? Para onde me lançarei com estas novas asas renascidas, amputadas quando acreditei que te amava, que te amaria? Foi esse amor que me amarrou a ti e a esta casa e a este lugar que me deixou tão amarga e destemperada, tão desesperada pelos anos perdidos, tão angustiada pelos corpos que já não amarei porque a idade também passou por mim…
Está tudo perdido. Secámos até à infertilidade. Ou foi a minha infertilidade que nos secou? Sem filhos e sem amor, que faremos com esta vida que ninguém quer?
Estou perplexa diante deste pedaço de papel onde te anuncio que vou embora e desta vez para sempre. Não voltarei só porque estarás à minha espera. Desta vez, não! Sei que já não tenho idade para emoções juvenis e que talvez não encontre outro homem, alguém que me renove a alma, mas prefiro definhar sozinha a ter que acompanhar o nosso fim. Com raiva. Com pena de ti porque ainda me amas à tua maneira. Com medo de voltar a estar só.
Desta vez, escrevo-te um guardanapo definitivo.
O que devo fazer ao desejo póstumo que sinto de outros corpos, de outros espaços, de outras emoções? Que farei com esta vontade de voar? Para onde me lançarei com estas novas asas renascidas, amputadas quando acreditei que te amava, que te amaria? Foi esse amor que me amarrou a ti e a esta casa e a este lugar que me deixou tão amarga e destemperada, tão desesperada pelos anos perdidos, tão angustiada pelos corpos que já não amarei porque a idade também passou por mim…
Está tudo perdido. Secámos até à infertilidade. Ou foi a minha infertilidade que nos secou? Sem filhos e sem amor, que faremos com esta vida que ninguém quer?
Estou perplexa diante deste pedaço de papel onde te anuncio que vou embora e desta vez para sempre. Não voltarei só porque estarás à minha espera. Desta vez, não! Sei que já não tenho idade para emoções juvenis e que talvez não encontre outro homem, alguém que me renove a alma, mas prefiro definhar sozinha a ter que acompanhar o nosso fim. Com raiva. Com pena de ti porque ainda me amas à tua maneira. Com medo de voltar a estar só.
Desta vez, escrevo-te um guardanapo definitivo.
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terça-feira, outubro 18, 2011
segunda-feira, setembro 19, 2011
O medo-mundo que temos....
Conferências do Estoril 2011 - Mia Couto
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terça-feira, julho 26, 2011
La chanson des vieux amants
Tenho amores fiéis com frequência...
Jacques Brel
LA CHANSON DES VIEUX AMANTS
1967
Bien sûr nous eûmes des orages
Vingt ans d'amour c'est l'amour fol
Mille fois tu pris ton bagage
Mille fois je pris mon envol
Et chaque meuble se souvient
Dans cette chambre sans berceau
Des éclats des vieilles tempêtes
Plus rien ne ressemblait à rien
Tu avais perdu le goût de l'eau
Et moi celui de la conquête
Mais mon amour
Mon doux mon tendre mon merveilleux amour
De l'aube claire jusqu'à la fin du jour
Je t'aime encore tu sais je t'aime
Moi je sais tous tes sortilèges
Tu sais tous mes envoûtements
Tu m'as gardé de pièges en pièges
Je t'ai perdue de temps en temps
Bien sûr tu pris quelques amants
Il fallait bien passer le temps
Il faut bien que le corps exulte
Finalement finalement
Il nous fallut bien du talent
Pour être vieux sans être adultes
O mon amour
Mon doux mon tendre mon merveilleux amour
De l'aube claire jusqu'à la fin du jour
Je t'aime encore tu sais je t'aime
Et plus le temps nous fait cortège
Et plus le temps nous fait tourment
Mais n'est-ce pas le pire piège
Que vivre en paix pour des amants
Bien sûr tu pleures un peu moins tôt
Je me déchire un peu plus tard
Nous protégeons moins nos mystères
On laisse moins faire le hasard
On se méfie du fil de l'eau
Mais c'est toujours la tendre guerre
O mon amour...
Mon doux mon tendre mon merveilleux amour
De l'aube claire jusqu'à la fin du jour
Je t'aime encore tu sais je t'aime.
Jacques Brel
LA CHANSON DES VIEUX AMANTS
1967
Bien sûr nous eûmes des orages
Vingt ans d'amour c'est l'amour fol
Mille fois tu pris ton bagage
Mille fois je pris mon envol
Et chaque meuble se souvient
Dans cette chambre sans berceau
Des éclats des vieilles tempêtes
Plus rien ne ressemblait à rien
Tu avais perdu le goût de l'eau
Et moi celui de la conquête
Mais mon amour
Mon doux mon tendre mon merveilleux amour
De l'aube claire jusqu'à la fin du jour
Je t'aime encore tu sais je t'aime
Moi je sais tous tes sortilèges
Tu sais tous mes envoûtements
Tu m'as gardé de pièges en pièges
Je t'ai perdue de temps en temps
Bien sûr tu pris quelques amants
Il fallait bien passer le temps
Il faut bien que le corps exulte
Finalement finalement
Il nous fallut bien du talent
Pour être vieux sans être adultes
O mon amour
Mon doux mon tendre mon merveilleux amour
De l'aube claire jusqu'à la fin du jour
Je t'aime encore tu sais je t'aime
Et plus le temps nous fait cortège
Et plus le temps nous fait tourment
Mais n'est-ce pas le pire piège
Que vivre en paix pour des amants
Bien sûr tu pleures un peu moins tôt
Je me déchire un peu plus tard
Nous protégeons moins nos mystères
On laisse moins faire le hasard
On se méfie du fil de l'eau
Mais c'est toujours la tendre guerre
O mon amour...
Mon doux mon tendre mon merveilleux amour
De l'aube claire jusqu'à la fin du jour
Je t'aime encore tu sais je t'aime.
terça-feira, março 15, 2011
terça-feira, fevereiro 22, 2011
a minha aldeia
aquele Fermentelos que sempre pensei detestar surgiu belo na memória, numa redenção que só acontece quando a infância se vê ao longe, num baloiço. as hortas, os caminhos de terra e pó. os caminhos de buracos de lama no inverno, as calças arregaçadas até aos joelhos para não se chegar à missa de domingo já manchada de vergonha e de pobreza... na igreja, as filas de crianças alinhadas à frente . o caminho longo e escuro até à leitaria. as silvas a vergar de amoras escuras. as silvas presas às baínhas das saias. as silvas presas à carne. arrancar os espetos da carne. e mais tarde, o namoro de beira de estrada, inclinados em motas de fingir, na falsa coincidência de todos os encontros. o avô a podar as videiras com a sua mão parca de dedos e a abrir carreiros entre o quintal, como os engenheiros auto-estradas. e o avô a morrer e eu sem coragem de o visitar convencida de que assim adiaria a morte. eu só queria atrasar a morte. a infância das férias de verão intermináveis no meu tédio desesperado e o trabalho de campos. a Laica presa com uma corda ao carroço cheio de erva ainda úmida. a foice a cravar as mãos miúdas de calos. e a cadela feliz e solta. e eu era também feliz e solta e não sabia.
quarta-feira, dezembro 01, 2010
andamento
nem a duração se retirou
nem o semi-breve adeus se disse
só a aridez pálida no caminho
e um desejo agreste por cumprir
.
nem o semi-breve adeus se disse
só a aridez pálida no caminho
e um desejo agreste por cumprir
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sábado, outubro 30, 2010
"Et maintenant" [Gilbert Becaud]
Et maintenant, que vais-je faire
De tout ce temps que sera ma vie
De tous ces gens qui m'indiffèrent
Maintenant que tu es partie
Toutes ces nuits, pourquoi, pour qui?
Et ce matin qui revient pour rien
Ce coeur qui bat, pour qui, pourquoi?
Qui bat trop fort, trop fort
Et maintenant que vais-je faire
Vers quel néant glissera ma vie
Tu m'as laissé la terre entière
Mais la terre sans toi c'est petit
Vous mes amis soyez gentils
Vous savez bien que l'on n'y peut rien
Même Paris crève d'ennui
Toutes ces rues me tuent
Et maintenant que vais-je faire
Je vais en rire pour ne plus pleurer
Je vais brûler des nuits entières
Au matin je te haïrai
Et puis un soir dans mon miroir
Je verrai bien la fin du chemin
Pas une fleur et pas de pleurs
Au moment de l'adieu
Je n'ai vraiment plus rien à faire
Je n'ai vraiment plus rien...
De tout ce temps que sera ma vie
De tous ces gens qui m'indiffèrent
Maintenant que tu es partie
Toutes ces nuits, pourquoi, pour qui?
Et ce matin qui revient pour rien
Ce coeur qui bat, pour qui, pourquoi?
Qui bat trop fort, trop fort
Et maintenant que vais-je faire
Vers quel néant glissera ma vie
Tu m'as laissé la terre entière
Mais la terre sans toi c'est petit
Vous mes amis soyez gentils
Vous savez bien que l'on n'y peut rien
Même Paris crève d'ennui
Toutes ces rues me tuent
Et maintenant que vais-je faire
Je vais en rire pour ne plus pleurer
Je vais brûler des nuits entières
Au matin je te haïrai
Et puis un soir dans mon miroir
Je verrai bien la fin du chemin
Pas une fleur et pas de pleurs
Au moment de l'adieu
Je n'ai vraiment plus rien à faire
Je n'ai vraiment plus rien...
domingo, outubro 24, 2010
do blogue "Novo Mundo"
Todos os amigos sabem que sou fã. Todos os inimigos também. Mas desta vez a Isabela esmerou-se mesmo e escreveu bem fundo...
É uma óptima resposta para quem acha que "Nós eramos muito amigos deles. Até brincávamos com eles. até lhes davamos as roupas que já não queríamos. Era tudo muito melhor do que agora".
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É uma óptima resposta para quem acha que "Nós eramos muito amigos deles. Até brincávamos com eles. até lhes davamos as roupas que já não queríamos. Era tudo muito melhor do que agora".
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quinta-feira, setembro 09, 2010
do que eu gosto...
pai mãe lili lita bébé o-meu-bárbaro lena chuva lágrimas risos cascas-de-batata figos livros trabalho cartas chanson-française pinga pingos risinhos amigos cumplicidade vergílio cores calor
fechar os olhos
esquecimento
fechar os olhos
esquecimento
quinta-feira, agosto 12, 2010
terça-feira, agosto 10, 2010
sexta-feira, junho 11, 2010
um dos poemas da minha vida
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.
Sophia de Mello Breyner Andresen
segunda-feira, fevereiro 15, 2010
meditações em jeito de aforismo patético
é quando o sentimento de liberdade pessoal diminui que o ciúme aumenta. o sentimento de que as estradas se estreitam e de que os olhos deixam de se alargar com visões novas. reais ou irreais. de homens ou mulheres. o ciúme cresce na prisão em que nos fechamos. e o pior é recusar usar a chave que está ao lado. ou atirá-la para longe. desresponsabilizar-se.
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sexta-feira, janeiro 29, 2010
a maternidade deixou-me piegas...
...e passei a ver todas as pessoas como filhas/os de alguém. E isso faz uma diferença enorme entre estar perante um cabrão ou uma pessoa com uma réstia de humanidade.
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segunda-feira, janeiro 04, 2010
segunda-feira, dezembro 14, 2009
(sem título)
arrancam-se os cravos às mãos
cravam-se os cravos nos pés
de cravos as maternidades
os altares
as sepulturas
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cravam-se os cravos nos pés
de cravos as maternidades
os altares
as sepulturas
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sexta-feira, novembro 27, 2009
andar no tempo é...
lembrar-me do meu avô enquanto descasco as cenouras e as batatas e corto tudo em cubinhos pequeninos para ser mais bonito e as cores se misturarem melhor... era assim que o meu avô fazia... e com uma precisão e rapidez invejáveis para quem só tinha um dedo e meio na mão direita (os restantes perdera-os numa mina).
sempre achei que a navalhinha dele era o instrumento mais poderoso do mundo, o mais versátil, o mais tentador... talvez porque nunca lhe pude tocar...
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sempre achei que a navalhinha dele era o instrumento mais poderoso do mundo, o mais versátil, o mais tentador... talvez porque nunca lhe pude tocar...
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quinta-feira, outubro 01, 2009
nihilismo
... e vais dizer-lhe o quê? os meus segredos? as babas e os ranhos? os corpos? os copos? todos se encheram e é só esperar que esvaziem... Tira o batôn e não adormeças já...
quarta-feira, setembro 16, 2009
amanhecer
O sol aninhou-se no meu corpo e trouxe a recordação do sabor do teu e dos mosquitos que tentaram chupar-nos o sangue em ebulição…
O que aconteceu esta noite? A festa acabou-me… Acabu-nos?
Pássaro ferido. Serias mais um engano?
"Vais tomar café?"
A última manhã antes de não haver amanhã…
O que aconteceu esta noite? A festa acabou-me… Acabu-nos?
Pássaro ferido. Serias mais um engano?
"Vais tomar café?"
A última manhã antes de não haver amanhã…
sábado, junho 20, 2009
domingo, maio 24, 2009
sábado à noite...
... o bébé dorme...
o copo ficou vazio de tinto e a Amy Winehouse arrepia um
"I cheated myself,
Like I knew I would,
I told you I was trouble,
You know that I'm no good"
chocolate negro com pedados de amêndoas e passas derretem-se na boca e não nas mãos porque elas estão ocupadas...
pode escrever-se muito acerca da cantora, do vinho e do chocolate, mas combinam num ménage à trois que tudo têm a ver com um sábado à noite... sozinha...
"I hate
My alcoholic logic
As I write"
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o copo ficou vazio de tinto e a Amy Winehouse arrepia um
"I cheated myself,
Like I knew I would,
I told you I was trouble,
You know that I'm no good"
chocolate negro com pedados de amêndoas e passas derretem-se na boca e não nas mãos porque elas estão ocupadas...
pode escrever-se muito acerca da cantora, do vinho e do chocolate, mas combinam num ménage à trois que tudo têm a ver com um sábado à noite... sozinha...
"I hate
My alcoholic logic
As I write"
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sexta-feira, maio 22, 2009
será que a Mísia pecou?
pode-se cantar fado em Francês? pode incluir-se violino?
a Mísia pôde... e ficou bonito!
a Mísia pôde... e ficou bonito!
quarta-feira, abril 22, 2009
Bem-aventurança
Bem-aventurados
os doidos
os loucos
e as bestas
porque são felizes:
compreendem o mundo aos bocadinhos
e isso lhes basta
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os doidos
os loucos
e as bestas
porque são felizes:
compreendem o mundo aos bocadinhos
e isso lhes basta
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póstumo
digo-te alma minha gentil
bebo-te minha amarga amêndoa desejada
chamo-te amor, amigo, amante, amado
e descubro que és mais uma canção desesperada
um desejo póstumo de viver
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bebo-te minha amarga amêndoa desejada
chamo-te amor, amigo, amante, amado
e descubro que és mais uma canção desesperada
um desejo póstumo de viver
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domingo, fevereiro 01, 2009
As coisas que se encontram na net...
... Calculadora de probabilidades de divórcio...
style="border: none" width="300" height="300" frameborder="300">
...pelo menos só me deu 6%... LOL
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style="border: none" width="300" height="300" frameborder="300">
...pelo menos só me deu 6%... LOL
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segunda-feira, janeiro 26, 2009
quinta-feira, dezembro 18, 2008
a Torre Eiffel podia ser a mulher ideal(izada)...
... quando estás longe, vê-la por todo o lado. de perto, escapa-te.
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quarta-feira, dezembro 03, 2008
há decisões radicais...
Inominável sagt:
eu estive a fazer papa de bébé
Inominável sagt:
agora vou fazer a sobremesa do bébé
Moniquita sagt:
lol
Inominável sagt:
e depois do bébé acordar
Inominável sagt:
banho ao bébé
Moniquita sagt:
doméstica :P
Moniquita sagt:
ahah
Inominável sagt:
podes crer :)
Moniquita sagt:
vida de mãe é tramada
Moniquita sagt:
:P
Inominável sagt:
ui
Inominável sagt:
mas hoje já decidi:
Inominável sagt:
vou tomar banho!
Inominável sagt:
chega de axilas mal-cheirosas
Inominável sagt:
chega de cabelo oleoso
Inominável sagt:
chega de unhas com raspa de cenoura
(e as amigas só se sabem rir!!!!)
eu estive a fazer papa de bébé
Inominável sagt:
agora vou fazer a sobremesa do bébé
Moniquita sagt:
lol
Inominável sagt:
e depois do bébé acordar
Inominável sagt:
banho ao bébé
Moniquita sagt:
doméstica :P
Moniquita sagt:
ahah
Inominável sagt:
podes crer :)
Moniquita sagt:
vida de mãe é tramada
Moniquita sagt:
:P
Inominável sagt:
ui
Inominável sagt:
mas hoje já decidi:
Inominável sagt:
vou tomar banho!
Inominável sagt:
chega de axilas mal-cheirosas
Inominável sagt:
chega de cabelo oleoso
Inominável sagt:
chega de unhas com raspa de cenoura
(e as amigas só se sabem rir!!!!)
quinta-feira, outubro 16, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
quarta-feira, setembro 17, 2008
CV
O meu CV, de acordo com uma amiga... não confirmo nem desminto :)
INOMINÀVEL é uma louca portuguesa, actualmente a conspurcar a cidade de Berlim com a sua insanidade. Para além de comer que nem uma porca, é viciada em vinho tinto o que não intervém negativamente na sua capacidade científica. É mãe de uma fofinha loira de olhos azuis mar, uma das poucas coisas bonitas, se não a única, que fez na vida.
INOMINÀVEL é uma louca portuguesa, actualmente a conspurcar a cidade de Berlim com a sua insanidade. Para além de comer que nem uma porca, é viciada em vinho tinto o que não intervém negativamente na sua capacidade científica. É mãe de uma fofinha loira de olhos azuis mar, uma das poucas coisas bonitas, se não a única, que fez na vida.
quarta-feira, agosto 20, 2008
cegueira
há um mundo inteiro
e lindo
em cada dia que não estás
há talvez brinquedos novos
e balões coloridos
e dias claros
imagino também flores
e palavras acabadas de nascer
ainda húmidas
e vermelhas
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e lindo
em cada dia que não estás
há talvez brinquedos novos
e balões coloridos
e dias claros
imagino também flores
e palavras acabadas de nascer
ainda húmidas
e vermelhas
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quarta-feira, agosto 13, 2008
terça-feira, julho 29, 2008
sexta-feira, julho 25, 2008
terça-feira, julho 08, 2008
condição
partes em todas as direcções
espelho caído
espalhado
obrigado a pequenas realidades
fragmentos de cada dia
tão nossos como o pão
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espelho caído
espalhado
obrigado a pequenas realidades
fragmentos de cada dia
tão nossos como o pão
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segunda-feira, junho 16, 2008
da crítica literária...
era um poema tão velho, tão velho, tão velho, que entrou em decomposição: eram sílabas métricas por todos os versos... nunca chegou a recuperar... pediu a extrema unção ao crítico e eutanasiou-se.
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sábado, junho 07, 2008
cobardia
não havia mais nada a fazer
pelo poema já moribundo
senão publicá-lo
e comparecer ao seu enterro
disfarçado de leitor
(uma coroa de flores murchou
detrás dos meus óculos escuros de aba larga)
no dia seguinte pude ler
"poema morre de causas desconhecidas.
desconfia-se do autor.
dezenas de leitores comparecem ao funeral
depois de dois dias em poesia ardente."
era mentira:
o poema morreu anónimo
ninguém o leu
não consta na genealogia que tivesse família
(a imprensa inventou a sua opinião pública)
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pelo poema já moribundo
senão publicá-lo
e comparecer ao seu enterro
disfarçado de leitor
(uma coroa de flores murchou
detrás dos meus óculos escuros de aba larga)
no dia seguinte pude ler
"poema morre de causas desconhecidas.
desconfia-se do autor.
dezenas de leitores comparecem ao funeral
depois de dois dias em poesia ardente."
era mentira:
o poema morreu anónimo
ninguém o leu
não consta na genealogia que tivesse família
(a imprensa inventou a sua opinião pública)
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sexta-feira, junho 06, 2008
ceci n'est pas un poème
extravasada de palavras
prenhe de sintaxe que perdeu os sentidos
a folha cheia é a antítese do poema
a poesia esconde-se
no verso vazio da folha
.
prenhe de sintaxe que perdeu os sentidos
a folha cheia é a antítese do poema
a poesia esconde-se
no verso vazio da folha
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terça-feira, junho 03, 2008
pacto
penetra-me
à altura da alma:
aí mais ninguém saberá entrar
- o corpo, esse,
come-lo-ão os bichos -
.
à altura da alma:
aí mais ninguém saberá entrar
- o corpo, esse,
come-lo-ão os bichos -
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quarta-feira, maio 28, 2008
ingenuidade
os castanheiros resamarram-se
numa chuva de pólen
devagarinha
suave e alérgica à brisa
embate no alcatrão
e morre dos atropelos
(e os castanheiros ingénuos pensam que andam a fertilizar o bairro)
.
numa chuva de pólen
devagarinha
suave e alérgica à brisa
embate no alcatrão
e morre dos atropelos
(e os castanheiros ingénuos pensam que andam a fertilizar o bairro)
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sexta-feira, maio 23, 2008
... das línguas...
amigos saturados ou saturantes,
tendo em conta que o post anterior não teve nenhum comentário, apesar de tão belo e provocador, deverei pensar que o francês já não se usa ou está démodé? o que é que se usa então? fiquei intrigada :)
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tendo em conta que o post anterior não teve nenhum comentário, apesar de tão belo e provocador, deverei pensar que o francês já não se usa ou está démodé? o que é que se usa então? fiquei intrigada :)
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terça-feira, maio 20, 2008
Léo Férré et la poésie
É por concordar com estas palavras, à distância de mais de 50 anos, que as transcrevo...
"La poésie contemporaine ne chante plus. Elle rampe. Elle a cependant le privilège de la distinction, elle ne fréquente pas les mots mal famés, elle les ignore. (...) On ne prend les mots qu'avec des gants: à ‘menstruel’ on préfère ‘périodique’, et l'on va répétant qu'il est des termes médicaux qui ne doivent pas sortir des laboratoires ou du codex. Le snobisme scolaire qui consiste à n'employer en poésie que certains mots déterminés, à la priver de certains autres, qu'ils soient techniques, médicaux, populaires ou argotiques, me fait penser au prestige du rince-doigts et du baise-main. Ce n'est pas le rince-doigts qui fait les mains propres ni le baise-main qui fait la tendresse. Ce n'est pas le mot qui fait la poésie, c'est la poésie qui illustre le mot.(...)
Nous vivons une époque épique et nous n'avons plus rien d'épique. A New York le dentifrice chlorophylle fait un pâté de néon dans la forêt des gratte-ciel. On vend la musique comme on vend le savon à barbe. Le progrès, c'est la culture en pilules. Pour que le désespoir même se vende, il ne reste qu'à en trouver la formule. Tout est prêt: les capitaux, la publicité, la clientèle. Qui donc inventera le désespoir ?
Dans notre siècle il faut être médiocre, c'est la seule chance qu'on ait de ne point gêner autrui.
L'artiste est à descendre, sans délai, comme un oiseau perdu le premier jour de la chasse. Il n'y a plus de chasse gardée, tous les jours sont bons. Aucune complaisance, la société se défend. Il faut s'appeler Claudel ou Jean de Létraz, il faut être incompréhensible ou vulgaire, lyrique ou populaire, il n'y a pas de milieu, il n'y a que des variantes. Dès qu'une idée saine voit le jour, elle est aussitôt happée et mise en compote, et son auteur est traité d'anarchiste.(...)"
Préface de "Poète...vos papiers !" 1956 (excertos)
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"La poésie contemporaine ne chante plus. Elle rampe. Elle a cependant le privilège de la distinction, elle ne fréquente pas les mots mal famés, elle les ignore. (...) On ne prend les mots qu'avec des gants: à ‘menstruel’ on préfère ‘périodique’, et l'on va répétant qu'il est des termes médicaux qui ne doivent pas sortir des laboratoires ou du codex. Le snobisme scolaire qui consiste à n'employer en poésie que certains mots déterminés, à la priver de certains autres, qu'ils soient techniques, médicaux, populaires ou argotiques, me fait penser au prestige du rince-doigts et du baise-main. Ce n'est pas le rince-doigts qui fait les mains propres ni le baise-main qui fait la tendresse. Ce n'est pas le mot qui fait la poésie, c'est la poésie qui illustre le mot.(...)
Nous vivons une époque épique et nous n'avons plus rien d'épique. A New York le dentifrice chlorophylle fait un pâté de néon dans la forêt des gratte-ciel. On vend la musique comme on vend le savon à barbe. Le progrès, c'est la culture en pilules. Pour que le désespoir même se vende, il ne reste qu'à en trouver la formule. Tout est prêt: les capitaux, la publicité, la clientèle. Qui donc inventera le désespoir ?
Dans notre siècle il faut être médiocre, c'est la seule chance qu'on ait de ne point gêner autrui.
L'artiste est à descendre, sans délai, comme un oiseau perdu le premier jour de la chasse. Il n'y a plus de chasse gardée, tous les jours sont bons. Aucune complaisance, la société se défend. Il faut s'appeler Claudel ou Jean de Létraz, il faut être incompréhensible ou vulgaire, lyrique ou populaire, il n'y a pas de milieu, il n'y a que des variantes. Dès qu'une idée saine voit le jour, elle est aussitôt happée et mise en compote, et son auteur est traité d'anarchiste.(...)"
Préface de "Poète...vos papiers !" 1956 (excertos)
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quarta-feira, maio 14, 2008
pedido
quero que me dês o mundo
se não o puderes embrulhar
atira-me uma imitação brilhante
que também traga dias de sol
e estrelas do norte
e crianças a brincar à nossa porta
(deixa a porta aberta)
(este poema já tinha sido publicado há muito muito tempo, mas apeteceu-me revê-lo agora, à distância do tempo em que ainda não havia crianças a brincar à minha porta)
.
se não o puderes embrulhar
atira-me uma imitação brilhante
que também traga dias de sol
e estrelas do norte
e crianças a brincar à nossa porta
(deixa a porta aberta)
(este poema já tinha sido publicado há muito muito tempo, mas apeteceu-me revê-lo agora, à distância do tempo em que ainda não havia crianças a brincar à minha porta)
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segunda-feira, maio 05, 2008
separação
onde tu fores
ficará sempre pregada
a pegada
molhada
da tua ausência
(não há espaço sem tempo)
.
ficará sempre pregada
a pegada
molhada
da tua ausência
(não há espaço sem tempo)
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segunda-feira, abril 21, 2008
tacto
(a F.L.)
todos os olhos escondidos na epidermeobservo-te
e vejo-me estendida na tua pele
(só os outros não me vêm)
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ecologia sentimental,
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segunda-feira, abril 07, 2008
pulsação
e como se o dia
tivesse só 24 horas
conto-as todas devagarinho
para enganar o tempo
que circula
ao descontrolo
nos meus pulsos
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tivesse só 24 horas
conto-as todas devagarinho
para enganar o tempo
que circula
ao descontrolo
nos meus pulsos
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