quantidade máxima de vapor de água que o ar pode conter, a uma determinada temperatura
quarta-feira, novembro 22, 2006
O Livro dos Bons Princípios (6)
Outros princípios
O afinador de sinos (1) e (4)
Divas e Contrabaixos (2) e (5)
Inominável (3)
domingo, novembro 19, 2006
pedido
se não o puderes embrulhar
atira-me uma imitação brilhante
que também traga dias de sol
e estrelas do norte
e crianças a brincar à nossa porta
(deixa a porta aberta)
sexta-feira, novembro 17, 2006
anti-post
este é então um anti-post num anti-espaço...
isto tudo para anunciar que este post não serve para nada. Pim (lá dizia o outro). não serve para comentar, não serve para masturbar neurónios, não serve para imprimir e mostrar à família, não serve como material de escárnio. Pim.
terça-feira, novembro 14, 2006
O livro dos bons princípios (3)
O que prometeste naquela noite é que regressarias mais tarde, "daqui a pouco", com uma surpresa boa. Não disseste que me trarias uma caixinha encarnada, embrulhada em cetiz preto, com um anel de preço comprometedor a fitar-me e a brilhar mais do que eu. Não me disseste que esperavas que a abrisse com entusiasmo ou que respondesse à tua pergunta (aquela que nunca quis ouvir!!! e que vai bem com a nossa música preferida) com o mesmo encanto eufórico com que a pronunciaste. Não me disseste nunca que esperavas mudar a minha forma de encarar a vida e a morte do amor, nem nunca esperaste fazê-lo entre lençóis, porque aí apenas inventamos que estamos vivos… Fiquei tão indignada contigo! Ou foi raiva? Ou decepção?
Balbuciaste umas palavras de incompreensão que nenhum de nós quis ouvir, que fingi não ouvir, voltaste as costas e eu soube que estavas a tapar o choro ou o grito com a palma da mão. Sei que te esmaguei, mas os teus sentimentos eram demasiado tenros, como fruta que pisamos no chão, mesmo sem querer ou quando queremos mordê-la mas se desfaz nas nossas mãos.
Agora sei que vais casar. Por isso decidiste encontrar-te mais uma vez comigo... Para me dizeres isso. Talvez humilhar-me. Não me conheces. Mas porque é que esta conversa tinha que acabar sem roupa, como as outras antes desta? Casa-te. Quem fica com as tuas alianças sou eu.
Outros princípios:
O afinador de sinos (1)
Divas & Contrabaixos (2)
segunda-feira, novembro 13, 2006
O livro dos bons princípios
o que dizem os leitores sobre isto:
"que raio de projecto é este?" (anónimo 1)
"dá-lhes para cada coisa..." (anónimo 2)
"não compreendi? andam a inventar ou a plagiar?" (anónimo 3)
"a liberdade vai passando por aqui..." (não deixou nem o anonimato)
"o melhor projecto da Blogosfera a seguir a vários outros que não menciono" (Inominável)
sábado, novembro 11, 2006
o meu Valentine
fede de vinho a martelo
e me dá rosas roubadas
do jardim de um shopping
todas as noites me oferece
um dos anéis de Saturno
e inventamos o amor em torres de areia
de prédios em construção
o seu perfume é glandular
de água com sabão azul
e a sua boca tem o sabor doce
de cigarro com pastilha elástica
saimos a passear
nos autocarros vazios da cidade
à conversa sobre futebol e Zara
enquanto inventa sobre raparigas que não teve
e me conta lugares que não existem
jura que os meus olhos são lindos
de cada vez que me deita sobre a areia
desmanchamos as torres
e os meus cabelos se enredam na areia fina e crivada
sabe chorar
e eu sei amá-lo por isso
quinta-feira, novembro 09, 2006
Cobardia (curta-metragem 8)
E é verdade que sofria! Apaixonava-se e distanciava-se sempre com dor: a dor da despedida, breve ou para sempre, a dor da ausência, a dor dos sentimentos incertos que sufocam e parecem matar… a dor de saber que nunca mais. Quem a conheceu (eu conheci-a!) sabe que não amava de propósito, não sofria de propósito, assim como não se vive ou se respira de propósito: tudo acontecia simplesmente e ao acaso, sem vontade de ninguém! Às vezes dava consigo a pensar que não queria nada amar ou enrolar-se e enganar-se com este ou aquele, esta ou aquela, mas acabava por acontecer! Mesmo contra a vontade mais ferrenha.
Disse-me, numa tarde de inverno deitada sobre uma areia molhada, que não lhe apetecia nada gostar de mim porque teríamos que terminar, que eu também sabia disso e que, por isso, só estavamos a perder tempo.
"E que o tempo, mesmo tendo sido feito para se perder, deve ser perdido com algum pudor, com algum respeito, com comedimento".
Claro que perder tempo comigo era uma perda tão grande como com outro qualquer… A verdade é que não me queria amar. Eu compreendi. Deixei-a deitada na areia e caminhei para longe. Para outro país.
Era uma vez uma rapariga cobarde que tinha medo de amar e que amava sempre demais, enorme erro. Queria amizades e, ironicamente, perdia todos os amigos porque se impunha sempre o desejo maior de querer ir além do que lhe tinha sido destinado no elenco da amizade. Todas as encenações de amigos falhavam… Quis ser minha amiga. Eu quis ser seu amante. Foi esta inversão de papéis que nos separou: eu amei antes dela…
Era uma vez uma rapariga qualquer que…