terça-feira, novembro 14, 2006

O livro dos bons princípios (3)

O que prometeste naquela noite é que regressarias mais tarde, "daqui a pouco", com uma surpresa boa. Não disseste que me trarias uma caixinha encarnada, embrulhada em cetiz preto, com um anel de preço comprometedor a fitar-me e a brilhar mais do que eu. Não me disseste que esperavas que a abrisse com entusiasmo ou que respondesse à tua pergunta (aquela que nunca quis ouvir!!! e que vai bem com a nossa música preferida) com o mesmo encanto eufórico com que a pronunciaste. Não me disseste nunca que esperavas mudar a minha forma de encarar a vida e a morte do amor, nem nunca esperaste fazê-lo entre lençóis, porque aí apenas inventamos que estamos vivos… Fiquei tão indignada contigo! Ou foi raiva? Ou decepção?

Balbuciaste umas palavras de incompreensão que nenhum de nós quis ouvir, que fingi não ouvir, voltaste as costas e eu soube que estavas a tapar o choro ou o grito com a palma da mão. Sei que te esmaguei, mas os teus sentimentos eram demasiado tenros, como fruta que pisamos no chão, mesmo sem querer ou quando queremos mordê-la mas se desfaz nas nossas mãos.

Agora sei que vais casar. Por isso decidiste encontrar-te mais uma vez comigo... Para me dizeres isso. Talvez humilhar-me. Não me conheces. Mas porque é que esta conversa tinha que acabar sem roupa, como as outras antes desta? Casa-te. Quem fica com as tuas alianças sou eu.

Outros princípios:
O afinador de sinos (1)
Divas & Contrabaixos (2)

10 comentários:

Anónimo disse...

...mas deixa-me levar os dedos, por favor.

Maria do Rosário Sousa Fardilha disse...

Existem Princípios, quero dizer fins, para todos os gostos ;)

Anónimo disse...

Onde é que está a graça desta iniciativa? As mulheres escrevem bem, os textos são giros. Mas depois? Isto são textos desgarrados? Qual a ligação? É para outros escreverem, continuando o que cada um de vocês escreveu? É para ser continuado por vocês, cada um no seu blogue? Então qual o interesse de ser obra colectiva, que nunca chega a ser? O melhor é esperar para ver, mas parece-me que nao vejo nada. Inominável, não deixes de escrever os teus textos, por causa desta coisa! Maria Ana

inominável disse...

ora aqui está uma questão quase epistemológica :)

a ideia é mesmo essa: o que "nunca chega a ser"... boa definição, boa metáfora de todos nós e de todos os textos, bem lá no fundo, no espaço de indefinição que está em tudo...

obrigada pela preocupação: os meus textos somam-se e seguem-se... devagarinho... incompletos... de forma nada linear...

Diogo disse...

O presente eternamente adiado!

Ida disse...

Minha menina... cheia de nomes, já agora, como cheia de palavras sempre a arder. Gostei imenso de falar contigo, e mais ainda de teres vindo dessa lonjura, nas ondas miraculosas do seja lá como for havemos de chamar o telefone ou a internet... seja... Tens tantas novidades nessa vida tão jovem que é mesmo para surtar. Tens sempre abrigo e mais lenha pras tuas fogueiras cá neste pedaço de Sulburbio com os nomes q lhe quiseres dar... o calçadão te espera e começo mas é achar que o que te faltam são uns piropos de fazer calar os neurônios...

Olha... tive um dia de cão... depois explico, mas agora, explica-me tu o que se passa nesta tua efervescência... ando meio perdida nestes útlimos posts.

Beijíssimos cheios de azul que hoje o cinza fez-se blueeeee e fiquei me refazendo de tudo à beira morro... melhor que à beira mágua...

Ida disse...

ai, ai, ai... onde se lê "mágua" leia-se, sff, MÁGOA!!!!

Terra disse...

Obrigada pelas tuas visitas.
Um beijinho grande.

Ler o Mundo História disse...

Agradeço a visita e a apreciação.
Tens razão, as imagens dizem muito, pena que muitas vezes estamos cegos a elas.
Depois volto para uma visita em teu blog.
abraços

Anónimo disse...

O primeiro período lembrou-me uma história gira que se passou no meu prédio. Hei-de contá-la um dia.
Obrigado pela ideia.