terça-feira, julho 24, 2007

a J. - o meu Cavalo à Solta

Minha laranja amarga e doce
Meu poema feito de gomos de saudade
Minha pena pesada e leve
Secreta e pura
Minha passagem para o breve
Breve instante da loucura
Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta
Minha denúncia do que pensa
Do que sente a gente certa
Em ti respiro, em ti eu provo
Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro
Cavalo à solta pela margem do teu corpo
Minha alegria, minha amargura,
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha laranja amarga e doce
Minha espada, poema feito de dois gumes
Tudo ou nada
Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sossego
À desfilada no meu peito
Por isso digo canção castigo
Amêndoa, travo, corpo, alma
Amante, amigo
Por isso canto, por isso digo
Alpendre, casa, cama, arca do meu trigo
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha alegria, minha amargura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha ousadia, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura
Minha alegria, minha aventura
Minha coragem de correr contra a ternura

Fernando Tordo - Cavalo à Solta
Letra de José Carlos Ary Dos Santos

8 comentários:

Alberto Oliveira disse...

"adultério", "o meu cavalo à solta"... Daqui se infere que a ordem dos factores pode perfeitamente ser arbitrária. Eu ia mais para o "o meu cavalo à solta" em primeiro lugar e, depois sim, o "despautério". Perdão, o "outro", o "coiso".

Mas esta é uma das canções que inopidamente, de vez em quando trauteio. Vem-me assim à cabeça, percebes? Coisas boas que ficaram de outros tempos e que agora quase se escondem envergonhadas na gaveta da memória colectiva de...

"Cavalo à solta pela margem do teu corpo... ", canto eu, caminhando numa qualquer rua lisboeta. E oiço a miudoska para o namorado: " não ouviste meu?! aquele ganda maluco? deve ter a mania que relincha bem... "

inominável disse...

citaste mesmo o verso mais bonito...

"de outros tempos"?????? é do mais bonito que já se escreveu em todos os tempos... se me cantassem isto assim, troteando uma qualquer rua lisboeta, quem relinchava era eu !!!! LOL

Alberto Oliveira disse...

... risos & mais risos,

... pela resposta.

APC disse...

Fortemente inspirado, o poema; um hino à paixão. Grande Ary, e seus cavalos poéticos saltando as barreiras de um então mais pardacento do que o hoje.

Minha ousadia, meu galope, minha rédia,
Meu potro doido, minha chama,
Minha réstia de luz intensa, de voz aberta

Por ti consigo esta força que de novo
Em ti persigo, em ti percorro

Por ti renego, por ti aceito
Este corcel que não sossego
À desfilada no meu peito

un dress disse...

os cavalos afligem-me...

quando presos.

quando...

Carol Bonando disse...

nossa q legal nunca tinha visto antes..
adorei!
Voce anda meio sumida de mim não é?
Pois não suma... tenho uam figurinha nova e posso te mostrar, por enquanto só mostrar, depois eu troco tá?
bjs

Claudia Sousa Dias disse...

Maravilhoso!


Inigualável, Ary!


CSD

Unknown disse...

Esta sexta-feira, dia 21 de Setembro de 2007, no Portugal no Coração da RTP, a partir das 15h, podem ver uma interpretação deste tema feita por alguém que partilha a admiração e o fascínio por este poema em particular e por toda a obra poética do grande Ary dos Santos em geral.