Dormíamos lado a lado, sem fechar os olhos, atentos aos movimentos de tristeza que se tinha colado aos rostos como caramelo, amargo e negro. Nos rostos não havia já restos de nada. Nem das rosas de outrora, nem das palavras mais recentes. Tudo se tinha esvaído sem sentidos, por entre a escuridão que manchava a brancura do quarto.
- O que estás a fazer? – perguntou-me a rasgar os pensamentos.
- Tento redescobrir a sensibilidade desta parede, afeiçoar-me a ela – arrimei-lhe de olhos ainda fechados, enquanto a ponta dos meus dedos continuava a tentar compreender o braille daquele papel.
- Uma parede?
O silêncio voltou e tudo tinha acabado.
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