sexta-feira, setembro 15, 2006

vegetal

sem regar as plantas secas dos meus pés
ao sol
curvado o caule
e estendida sob o céu da tua boca
espero que os meus cabelos se transformem
nas palmas
das tuas mãos.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Pode um e-mail póstumo...

quero lá saber...

... mas tinha que te dizer o quanto gosto de ti, não importa se viva ou morta... quero dizer que tenho pena de nunca mais te ver, nem ouvir as tuas gargalhadas de optimismo e de não lutarmos acerca do Nikolas Sparks... e da tua quiche... e da tua prontidão, sempre disponível para ajudar... como é que o teu coração, tão grande ... não vamos falar desse traidor, pois não?

E nestas alturas, sinto-me muito egoísta porque penso que te foste embora... mas não é verdade: eu é que fiquei aqui, não é? A atrasar a partida, também... inutilmente. "por outras palavras"... fiquei sem ti... temporariamente sem ti... e sento-me incrédula diante destes e-mails que me chegam a dizer que morreste... e decido escrever-te para atrasar a despedida...

segunda-feira, setembro 11, 2006

a vinha vida comigo lá dentro ou a memória a pregar partidas (Variações sobre o meu tema preferido)

Nao consigo dominar / Este estado de ansiedade
A pressa de chegar / P'ra nao chegar tarde

Nao sei de que é que eu fujo / Sera desta solidao
Mas porque é que eu recuso / Quem quer dar-me a mao

Vou continuar a procurar / A quem eu me quero dar
Porque até aqui eu só:
Quero quem quem eu nunca vi / Porque eu só quero quem
Quem nao conheci /
Porque eu só quero quem / Quem eu nunca vi

Esta insatisfacao / Nao consigo compreender
Sempre esta sensação / Que estou a perder

Tenho pressa de sair / Quero sentir ao chegar
Vontade de partir / P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar /A minha forma
O meu lugar / Porque até aqui eu só:
Estou bem aonde eu nao estou
Porque eu só quero ir / Aonde eu nao vou
Porque eu só estou bem / Aonde eu nao estou

(António Variações, para os mais esquecidos)

sábado, setembro 09, 2006

"love is a cliché"

adivinhem de onde veio esta frase clarividente?

em tempos escrevi algo parecido, mas levei mais palavras para dizer o mesmo:

"Há uma visão romanceada na forma de ele se encontrar com a vida: deve ter-se esquecido que nem o amor nos poderá salvar! Nós escondemo-nos atrás de quem amamos e o amor não impede que se fodam outros, que se envelheça, que se morra!

Devia dizer-lhe que o amor é uma rocha que se ergue no caminho para nos fazer vacilar, duvidar de nós e da nossa mortalidade! "Ficaremos juntos para sempre", disse-me numa das poucas noites em que não nos encontrámos para abandonar os corpos ao desmazelo. Tentei não ouvir: mesmo quando o tempo é longo, dizer "para sempre" é sempre pouco tempo ou tempo demais. É uma pressão constante ouvir isso quando só se procura prazer e quando se sabe que não viveremos para cumprir o prognóstico…"

sábado, setembro 02, 2006

Aprendizagens inesperadas

aprendi com o Jorge Palma que "sou praticamente demente"...

não confirmo nem desminto.